Agarra-se numa boa ideia e logo de seguida unta-se um tabuleiro de ir ao forno, com um pouco de manteiga. Mete-se a ideia no tabuleiro e o tabuleiro no forno. Dependendo do “tipo do forno”, passado pouco tempo o post está pronto a ser publicado.
Claro que, quando se tem uma boa ideia, o melhor é apresentá-la da maneira mais simples, sem muitos temperos, que não vão acrescentar-lhe nada. Qualquer boa ideia, desde que bem apresentada, dá um bom post.
A habilidade, a mestria, a lata se assim quiserem, consiste em ter uma péssima ideia, ou mesmo nenhuma ideia e conseguir escrever um post. Como fazer nestes casos?
A resposta não é simples nem imediata. Requer alguma paciência e imaginação qb.
Um dos caminhos a seguir é começar por dizer como se “cozinha” um post com uma boa ideia. Fala-se no tabuleiro, no forno, no não temperar muito a ideia para ela não perder os sucos.
Uma vez isso feito, passa-se para o caso em que não há nenhuma ideia ou então ela é tão má, que não há molhos nem temperos que a salvem. Claro que mesmo num caso destes, convém acompanhá-la com um arroz branco,
daquele que vai com todas, sejam boas ou más ideias ou até com uma total falta de ideia.
Nesta altura, quando se tem um má ou muito má ideia, ou não se tem ideia nenhuma e chegado a este ponto da preparação, quase sem se dar conta o post está praticamente amanhado.
É só dar mais uma vista de olhos pelos frasquinhos dos temperos, quem gostar de açafrão pode mesmo juntar açafrão ao arroz branco que assim deixa de ser tão anémico, deitar uma golfada de vinho de má qualidade sobre a ideia (já que ela é má não convém estragar um vinho bom), dar uma vista de olhos pelo “petisco” para ver se pelo menos enche o prato e, se mesmo assim for pouco, há sempre a solução de acrescentar mais arroz branco (ou com açafrão se tiver sido essa a opção) e misturar qualquer coisa que haja ali à mão. Estou a lembrar-me, por exemplo, um ditado popular do tipo “a fome é má conselheira” ou, para quem gosta de mais um pouco de picante na comida, “ a puta e o cão estão sempre a olhar para a mão”, ou então acrescentar uma ou duas (nunca mais do que duas) citações de grandes “cozinheiros” para compor a apresentação e finalizar a ementa.
“Apenas os medíocres estão sempre no seu máximo” do grande “cozinheiro”, Somerset Maugham (e aqui para nós não sei se é piada para mim) ou então “as ideias são as raízes da criação” de Ernest Dimnet, que não tive a honra de conhecer, mas deve ter sido um tipo porreirinho, porque me permite acabar em alta este post.
Assim se faz um post a partir do nada. Com a mesma receita também se podem encher chouriços e/ou pneus.
Para não se perder tudo:
- Somerset Maugham (1874-1965) conhecido escritor inglês, que nasceu e morreu em França, cuja vida daria para muitos posts. Aliás, se no tempo dele, houvesse “disto”, teria um blog com histórias de nunca mais acabar, porque “palheta” não lhe faltava.
- Ernest Dimnet, (1866-1954) padre francês dado à escrita e à leitura e que, depois da 1ª guerra mundial foi para os Estados Unidos e que também seria bem capaz de fazer um post melhor do que este.
Os dois juntos: 91+88=179 anos !!! (Neste post até contas se fazem!)
O mundo é mesmo uma aldeia. Um era inglês, mas nasceu e morreu em França, onde também viveu, assim como viveu em Inglaterra, na Alemanha e lá pelos Orientes. O outro era francês e viveu a maior parte da vida nos States. E não satisfeitos com isso, juntaram-se, por puro acaso, neste blog onde deram uma mãozinha.
Assim sendo, aqui fica o meu agradecimento por essa “mãozinha”.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince. (Atenção! Este lince não é o da Malcata)