Zeca: - Eh pá meu, vens com ar de quem tem uma fábrica de água a ferver!
Tó: - E tu com ar de quem tem falta de peso.
Z: - Por acaso nem me queixo disso. Graças a Deus que…
T: - Tá bem; chieira não te falta.
Z: - Ouve lá oh meu, disseram-me que andas na campanha?
T: – Pois ando e atão?
Z: - Aquilo deixa bago?
T: - Dá pró petisco…
Z: - Pelo que tenho visto, febras não faltam.
T: - Escapa; mas aquilo também é filme que só mete índios.
Z: - Deve ser ganda estopada…
T: - Oh pá, aquilo é só para quem emprenha pelos ouvidos. Eu só quero o meu.
Z: - Mas dá para abichares umas comezainas.
T: - Se dá. Um gajo sai de lá meio engasolinado e às vezes, quando a chicha é dura, um meco até sai com dores no garfeiro.
Z: - Andas só cas bandeiras ou aceleras nalgum charuto?
T: - Faço de tudo, mas charutos não entram por lá. É tudo alta cilindrada, que aquilo é sempre a esgalhar.
Z: - Tás cheio de guito não?
T: - Dá prás despesas.
Z: - Por acaso … se tivesses aí algum a mais…
T: - Olha-me este… para que queres tu o bago?
Z: - Eh pá, tenho aí uma carne da perna apalavrada, aquilo com um almocito…
T: - Tens uma lata! Eu entrava com o guito e tu ias gastá-lo com uma chantra qualquer. Não me faças rir que me cai a cramalheira.
Z: - Chantra nada, vê lá como falas. Fazenda de primeira, já disse.
T: - Tá bem, mas não contes comigo.
Z: - Julgava que eras meu amigo…
T: - Amigo sou, mas não sou totó…olha tenho de meter os calcantes a caminho, que a caravana parte daqui a pouco.
Z: - Tá bem, mas não esperava essa de ti. Lembras-te daquela vez que eu te…
T: - Eh pá, depois das eleições a gente fala. Prá semana …
Lince amigo, desta vez não metes aqui o dente, que tu não topavas uma e ainda me estragavas o arranjinho…