Olá amigo!
Hoje sou eu, a Yura que te dá notícias. A Yara não está muito bem, depois de há dois dias termos sido vítimas do arrastão em Copacabana. É verdade, ainda estamos „por cá“, daí o não te termos batido ao ferrolho, como a Yara tinha prometido.
Quando estávamos para partir, o seleccionador alemão chamou-nos e lá tivemos de ir tratar-lhe do assunto. Fomos bem pagas e tu até já sabes o resultado, aliás foi um resultadão. Então viemos para o Rio (donde te escrevo) e fomos apanhar um solzinho a Copacabana. Estava eu muito quietinha a gozar uns momentos de calma e a ser beijada pelo Sol, quando se chega um sujeito ao pé de mim e me diz: “Hüten Sie sich vor der Sonne“.
Percebi logo que era alemão mas não entendi patavina do que ele disse (os dois dias com os alemães não chegaram para aprender a língua, que a bem dizer aquilo nem é língua de gente, mais parece língua de bacalhau). Então ele por gestos e coisa e tal explicou que era para eu ter cuidado com o sol e com a eficiência alemã, logo ali meteu mãos à obra e vai de proteger-me. A tarde correu bem, o pior foi no fim, depois de acabar o futebol e começar o arrastão. Levaram-nos tudo, até os nossos carrinhos voaram. Estávamos a lamentar-nos quando nos voltou a encontrar o tal senhor alemão, a quem explicamos a situação delicada em que nos encontrávamos, mais por gestos e lágrimas do que por palavras.
“Sind ruhte ich Ihnen eine Fahrt auf mein Flugzeug, aber am Montag Knoten“- disse ele.
Valeu-nos uma moça que ia a passar e que nos traduziu a frase.
Eu então respondi: “Mas nós não podemos pagar“.
E ele, logo muito rápido: “Darf, kann, zahlen mit dem Körper“ – e a moça que nos estava a ajudar soltou uma gargalhada. Depois explicou-nos o que o alemão dissera e eu soltei um palavrão e a Yara até o insultou e disse que éramos mulheres sérias e não dessas que...
Enfim, passados uns minutos estava tudo esclarecido. O homem é um grande industrial do norte da Alemanha, ele disse que era de Ãoburgo, que tinha uma fábrica de bonecos, que os bonecos eram feitos no Bangladesh, mas que em Ãoburgo lhe eram introduzido os chips para falarem em todas as línguas, incluindo o alemão do norte. Assim nós fomos contratadas para introduzir o chip no boneco e foi então a nossa altura de rir a bom rir, mas não te digo por quê. Ele também não percebeu.
Aqui está, meu amigo, a razão porque não nos podemos encontrar nos tempos mais próximos. Depois da final do futebol vamos para Ãoburgo durante um certo tempo e se nos dermos bem por lá e a vida nos correr pelo melhor podemos prolongar a nossa estadia. Talvez até ao próximo verão. Esperamos voltar num BMW. A Yara diz que cada qual leva o seu, pois nunca partilhamos os nossos carrinhos, mas eu acho que é um exagero, a menos que...
Fico por aqui. A Yara manda-te um beijo e eu, outro.
Como prometido, vão umas fotos nossas.
Nota do blogueiro de serviço: – As fotos não apareceram. As manas não devem ter jeito nenhum para mandar anexos. Será que algum dia as iremos ver?
Este texto foi escrito ora em acordo ora em desacordo com o acordo, porque os alemães não assinaram o acordo e as manas nem sempre estão de acordo, como prova o caso dos BMW.