Na mesa ao lado discutia-se o interessante problema do feijão verde em Portugal, agora. Prestei atenção a ver qual era o problema. Somos exportadores, importadores ou bastamo-nos? É melhor o das estufas ou criado ar livre sujeito ao bom ao ou mau tempo? Qual fica mais barato? Qual é melhor? Qual o melhor tipo de feijão? O mais produtivo é também o mais saboroso?
Eram perguntas destas que eu julguei que a conversa versava, tal a vivacidade da mesma.
Afinal o problema em discussão era outro, bem diferente. Uns diziam que dantes o feijão verde era assim como o acabei de escrever e agora leva um hífen, outros concordando com o antigamente, já não concordavam com o atualmente e defendiam que também não levava hífen.
Eu que, em matéria de feijão e leguminosas em geral, até gosto de todas as maneiras, não me manifestei por dois motivos: primeiro porque não sabia e não tinha levado comigo o lince, pois não sou daqueles que gostam de andar com os animais pela rua com ou sem trela e também porque o lince é um cagarolas que fugiria ao primeiro gato que avistasse; o segundo motivo tem a ver com o facto de não me meter nas conversas dos outros, sobretudo quando não os conheço. Desta maneira, agarrei o magno problema e trouxe-o comigo para casa. Aqui resguardado dos olhares alheios e com o lince ali à mão, meti mãos ao assunto.
Redação:
A D. Maria foi ao mercado e comprou um quilo de feijão verde, meio quilo de feijão frade, um quilo de feijão manteiga e ainda outro quilo de feijão amarelo. E venderam-lho assim porque o pediu com a velha ortografia. Se o feijão-frade viesse assim, também lho vendiam.
Mas se quisesse comprar feijão-verde, feijão-frade, feijão-manteiga,
feijão-amarelo, feijão-encarnado, feijão-riscado, feijão-roxo, até mesmo feijão-cor-de-burro-quando foge, ou de outra qualquer cor, também lho vendiam assim, mas tinha de o comprar com a nova ortografia.
Portanto muita atenção! Se quiserem fazer uns peixinhos da horta, uma feijoada à transmontana, um cozido à portuguesa, umas tripas à moda do Porto, uma feijoada de lebre, uma feijoada de chocos, um arroz com feijão ou mesmo uns pasteis de feijão para a sobremesa, cuidado com a maneira como adquirirem a saborosa leguminosa. Reparem bem se a compram pela velha ou nova ortografia.
Sem ter a certeza, suponho que os tempos de cozedura serão diferentes de uma maneira ou de outra. Na dúvida levem o lince às compras.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
Que me dizes a esta, lince? Apresentei-te uma caldeirada de feijões e ficaste logo atarantado. Só gostas mesmo de ração industrial…
Com ou sem hífen, gosto de feijão de todas as formas , quer seja verde, vermelho, branco, manteigueiro, frade, preto, riscado.
O que importa é uma boa feijoada, ou um arroz de feijão com grelos,com hortaliça, ou com feijão-verde/verde, ou uma massa com feijão, enfim a variedade é muita, não me interessa se vem com a velha ou nova ortografia.
De Carapau a 17 de Janeiro de 2015 às 19:26
Tás como eu. Não olho a cores nem a feitios.
Desde que venham bem acompanhados marcham em fila indiana que é uma beleza.
Até aqueles ainda verdinhos mascarados de "peixinhos da horta".
Bjo.
De maria teresa a 15 de Janeiro de 2015 às 19:40
Bota feijão na panela
mas não esturres o guisado
Vais comê-lo na gamela
Pois não cometes pecado
Hoje ao almoço comi
Feijoada de marisco
Urgente forjar alibi
Tenho a reputação em risco
Feijoada é como arrozada
Pois dá cá uma energia
Leva tudo de rajada
Mas pode causar alergia
Alergias eu não tenho
Sempre fui muito saudável
Posso provar num desenho
Que fique bem aceitável
O Lince está sempre em cena
Coitado do bichanito...
Parece um lutador na arena
Para mim um favorito
Um conselho vou vender
Já que dar, ninguém vai querer
Ao Lince deixa-o em paz
Ele até é bom “rapaz”!
Deixo-te uns tantos ou quantos beijinhos nos opérculos
De Carapau a 17 de Janeiro de 2015 às 19:20
Se eu cometo pecado
Só por comer feijão,
Nem o vizinho do lado
Me chamaria cristão.
A minha feijoada foi
(Ainda estou meio torto
e inchado como um boi)
Tripas à moda do Porto.
Que eu não faço por metade
As coisas em que me meto.
Assim estou sempre à vontade.
(Arranja-me uma rima em “eto”)
Feijoadas de mariscos
Coisas leves, a fingir,
Podem ser bons petiscos,
Para mim são de fugir.
O Lince é um pobre coitado,
Um medricas que eu sei lá!
Pior que bichano doméstico.
É bicho como já não há.
E também não há mais quadras,
Que tenho feijoada à minha espera.
Não por me faltarem as palavras,
Que eu nisto sou quase uma fera.
Bjo.
De
GL a 17 de Janeiro de 2015 às 11:33
Lá que o ilustre Carapau (atenção à maiúscula) não goste desta pobre comentadora, tudo bem, mas que permita que o seu lince apague os comentários da dita, isso já é demais
É a terceira tentativa, e última. É que a feijoada está a transformar-se em sarrabulho, percebeu?
Ah, vou-me embora, e nada de abraços!:)
De Carapau a 17 de Janeiro de 2015 às 19:29
Fiquemos entendidos.
O Lince não mete o bedelho aqui, a não ser quando eu o chamo. Ele não tem espírito de iniciativa, não mexe uma palha.
Creio que a distinta comentadora tem uma maquineta que não domina bem. Já tem carta já?
Abraço para a animar.
As coisas que eu descubro!!!
Afinal Carapau tem orelhas??
Só pode não é! Se ouve as conversas das mesas vizinhas...
Coisa feia, cuscar conversa alheia!
Mas vamos lá aos feijões.
Gosto deles todos, cozidos, em salada, guisados, em sopa (sopa de feijão verde, ou peixinhos da horta, venham eles, bem cozinhados).
Quanto a ortografia, não estou minimamente preocupada se é com hifen ou sem.ele.
um bj e bom proveito.
De Carapau a 19 de Janeiro de 2015 às 14:33
Eu sei que há quem não dispense o hifen.
Dizem que, por exempo, um feijão-frade com hifen tem outro sabor, além de que tem mais que comer...
Bjo.
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