À minha frente uma publicação de 90 páginas com a lista dos cursos de pós-graduação, mestrado e doutoramento. Dei um vista de olhos, encontrei à volta de 2500 cursos (e não estão todos nesta lista) e tentei escolher um que me caísse no goto. “Cair no goto” é assim como petiscar umas navalheiras acompanhadas por umas "loiras". Quero eu dizer… que me agradasse.
Hesitei entre “Ciberterapia e Reabilitação Neurocognitiva” e “Surf e Performance” (parece que não fornecem a respetiva prancha e vi-me obrigado a pôr de lado a hipótese) e virei-me para a “Intervenção na Crise, Catástrofe e Emergência” (repare-se na sequência). Depois vi que havia também “Intervenção Precoce” e comecei a ficar baralhado. Perguntei-me: então se houvesse uma boa intervenção precoce para quê uma intervenção na crise, catástrofe e emergência? Parece-me que de precoce a intervenção não tem nada, ainda por cima leva 2 anos a tirar o curso, quando acabar já a crise deu cabo de tudo, já estamos em estado de emergência. Foram mais dois cursos que pus de lado.
Prendeu-me a atenção a “Inovação em Artes Culinárias”. Dois anos agarrado aos tachos é tentador, mas pedem 2500 euros só para entrar na coisinha, perdão, na cozinha. (Em muito menos tempo, digamos mesmo enquanto o diabo esfrega o olho, aprendi eu a fazer um Folar Rico de Valpaços, de comer e chorar por mais, mas, claro está, sem ter tirado nenhum curso. Agora penso no que ele seria se eu tenho tirado um doutoramento… Certamente o Folar perderia grande parte da sua “riqueza”.).
Seduziram-me à primeira vista, um curso de “Compósitos de Matriz Polimérica”, outro de “Extrusão de Plásticos A” e outro de “Extrusão de Plásticos B” (pena não haver mais…) e ainda um de ”Estatística Multi(a)variada”.
Finalmente fiquei indeciso entre um de “Surf” (sem perfomance como o indicado no princípio, mas com o mesmo problema da falta de prancha) e uma pós graduação em “Golf” (120 horas e 1500 euros em 3 suaves prestações).
Enfim, com 2500 cursos à escolha tinha material para uns duzentos posts, não fora eu um tipo exigente. Procurei, mas em vão, um mestrado em “Bom Senso” que não encontrei, nem mesmo uma pós-graduação em “Senso Comum”.
Vou continuar a ser um ignorante (Doutoramento em “Ignorância”, precisa-se).
Como brinde ainda pensei deixar aqui a receita do Folar Rico de Valpaços, mas para não fazer crescer a água na boca a ninguém e como ele é acessível através do grande cozinheiro Dr. Google (que deve ter no mínimo os tais 2500 doutoramentos), deixei cair a ideia. Aconselho no entanto a receita original, que a Profª Drª D. Maria de Lurdes Modesto publicou numa das suas obras de doutoramento…
Bom apetite!
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.