Eu a julgar que o assunto estava morto e enterrado (para mim, já que o “outro” continuará até…sabe-se lá quando) e eis que me vi obrigado a apresentar queixa na Judite, por assalto a “garfo armado”. Pela calada duma destas noites, alguém assaltou o blog e comeu a açorda de camarão. Para isso teve de dopar os dois cães de guarda que lá tinha deixado (ver fotos), para proteger o pitéu.
Repare-se que não roubou a caçarola, comeu o conteúdo e deixou-a, suja e desarrumada. A PJ já levou a dita cuja para recolher amostras, que permitirão determinar o ADN do ladão/comilão. Muito me vou rir, pois vai ser canja a descoberta desta açorda. Será?
Não serei eu a fazer suposições sobre eventuais suspeitos. A PJ disse que todos os que gostam de açorda de camarão são suspeitos. Vão ter um trabalho dos diabos até ao encerramento do processo “por falta de provas” (não sei onde já li isto). Já fui abordado por várias TV’s para entrevistas, mas nem tão pouco lhes permiti que atravessassem a cortina de algas que zelam pela minha intimidade.
Os camarões, coitados, andam tristes por andarem nas bocas do mundo (“bocas do mundo” uma ova, aliás dois ovos, pois isto foi obra de uma boca só). Porquê? Porque só havia um garfo, como mostra a foto junta.
Afirmo desde já que não desconfio de nenhuma das pessoas que aqui vieram e deixaram comentários. Isto é obra de quem entrou sorrateiramente.
O não ter levado nenhuma das obras expostas, todas de altíssimo valor, e ter-se “apropincoado” com a açorda (e note-se que o “aprincoamento” é crime de grau superior), mostra que a sua sensibilidade artística é nula, o que não acontece com os visitantes habituais deste espaço, tudo gente dada às artes (certo que também há as “malas artes”, que é quando se metem os quadros dentro das malas).
A vida continuará, a açorda não será devolvida é ponto assente e para a semana este blog tratará de assuntos bem mais interessantes, que de roubo de açordas.
Para não se perder tudo aqui fica esta receita…
Açorda à portuguesa
Pão de trigo sem ter sombra de joio,
Azeite do melhor de Santarém,
Alho do mais pequeno e do saloio.
Ponha em lume brando e mexa bem.
Sal que não seja inglês, que é remédio.
Toda a criança assim alimentada,
É capaz de deitar abaixo um prédio....
Quatro meses depois de desmamada....
Com este bom pitéu, sem refogados,
Invenção puramente lusitana,
Os ilustres varões assinalados
Passaram ‘inda além da Taprobana......
Fortes pela açorda, demos nós aos mouros,
Como se sabe, uma fatal derrota...
E abiscoitámos majestosos louros...
Para os nobres troféus de Aljubarrota...
(Autor desconhecido - já publicada num post de antanho)
Elementos de prova, recolhidos pela PJ.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.