Às vezes leio “notícias” que me deixam a pensar como seria a minha vida se as não tivesse lido. Assim do tipo desta:
“Sabia que mascar pastilha elástica gera energia?” Claro que eu não sabia, estava até mais inclinado a dizer que se perdia energia e estragava os dentes, de maneira que a li. Fulano e Sicrano, engenheiros canadianos, inventaram uma correia especial que ligada ao queixo de alguém que esteja a mascar pastilha elástica gera 18 microwatts de eletricidade num minuto e por aí fora rebeubeu, pardais ao ninho.
Perante uma tal descoberta eu não aguentei mais tempo sentado e reclinei a cadeira, pois reclinado, eu penso muito melhor, chegando mesmo a atingir o nirvana do pensamento, adormecendo. Não foi o caso desta vez. Pensei que se eu tivesse a tal correia (nem precisava de ser muito grande) alimentava a máquina de barbear e ali era mesmo do queixo para o queixo, nem haveria perdas de energia (punha-se é claro o problema de ter de mascar qualquer coisa, mas para início de raciocínio isso nem interessava muito). Também pensei porque raio os dois engenhocas fizeram as experiências com pessoas (deve ter sido com eles) e não com qualquer ruminante, já que estes até a dormir ruminam e portanto dariam energia elétrica pelo menos para o estábulo. Olhei com mais atenção para o teto (ali no canto há uma mancha escura que tem de ser limpa) e pus-me a puxar pela caixa dos pirolitos onde está instalada a memória RAM e senti que qualquer coisa fazia os meus neurónios acelerar. Mascar, ruminantes, pastilhas…raios… nada disto me é estranho. De repente dei um salto, EUREKA foi ele (não, não foi o Arquimedes) é claro que foi ele!
“Ele” foi um senhor que se chamou Bernard Shaw (lembram-se do Pigmalião que veio a “dar” o My Fair Lady?) que “amava” particularmente as mulheres e os americanos e muito especialmente as mulheres americanas, que um dia escreveu: “a diferença entre uma mulher americana a mascar chiclets e uma vaca a ruminar, está no ar inteligente da vaca!”.
Na altura ainda não existiam engenheiros canadianos…
Agora, falando eu mais a sério e sendo um atento observador de mascadoras (sim porque há muitas mais mascadoras que mascadores) vejo cada uma a abrir e a fechar a boca e a mastigar com tão grande amplitude, que bem concorreriam com a EDP na produção de energia elétrica.
E agora que já perdi mais energia que a necessária para escrever este post (pela 2ª vez, pois a 1ª versão deve ter sido mascada pelo PC) termino socorrendo-me outra vez de Bernard Shaw.
Numa festa para a qual teria sido convidado, foi abordado por uma Senhora de bom aspeto (digo eu, pois tudo leva a crer que não era nada de botar fora), muito elegante, muito arranjada, muito sorridente e muito fútil, que terá iniciado uma conversa com ele e às tantas, toda dengosa (os adjetivos são todos meus) terá dito: “Já pensou, Bernard, se nós fossemos casados e tivéssemos filhos, quão distintos eles seriam, com a minha beleza e a sua inteligência?”
E ele, sem deixar bater a bola no chão: “E já pensou minha cara amiga, se tivessem a beleza do pai e a inteligência da mãe?”.
Já não ma(s)ço mais
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
E tu, oh Lince desavergonhado, também abres muito a boca quando mascas?