PERGUNTA: - (Marijedé, Lisboa Marl,30): - Eu sou aquela de quem a Micas disse a semana passada que lhe andava a desviar o Toni. É uma parvoíce de quem não tem competência para o agarrar. Eu não estou interessada num homem que no fundo não consegue manter a ordem lá em casa.
Mas não é isto que me traz aqui. O meu caso é o seguinte: eu ando meia maluca por um tipo que negoceia em peixe e marisco, em grande, aqui no mercado, chamado Manel do Cachucho porque ele usa um cachucho de todo o tamanho num dedo da mão direita. Eu bem vejo ele a olhar para mim com olhos de cherne mal morto quando passa aqui pela bancada. Eu aguento o olhar e sorrio, ele até já chegou a piscar-me o olho; mas a verdade é que não passa disto. Que devo fazer? Devo-o atacar assim meio à bruta ou esperar que ele tome a iniciativa? Estou a ver que ele nem ata nem desata. Fico à espera dum conselho e quero dizer-lhe que, quando passar por aqui, me venha visitar que eu arranjo-lhe umas navalheiras fresquinhas, à maneira, porque já percebi que gosta deste petisco. Talvez tanto como eu gosto do Manel só que o Carapau ainda vai arranjando umas navalheiras e eu só vejo o cachucho ao longe.
RESPOSTA: - Obrigado por essa oferta das navalheiras e não duvide que quando um dia passar por aí não me vou esquecer de a procurar. Talvez então possamos falar um pouco mais sobre o seu problema se, até lá, ele não estiver já resolvido.
Vamos ao assunto. É preciso saber se não há nenhuma corvina na vida do Manel do Cachucho. Se ele faz olhinhos e não ata nem desata convém saber isso.
E depois, caso haja a tal corvina do alto ou mesmo uma pescadita, falta saber se ele está interessado na troca ou se a Marijedé está interessada em entrar numa guerra. Depois será que o cachucho é verdadeiro (ourinho legitimo e pedrinhas) ou uma imitação comprada na loja dos trezentos? Há por aí muita gente “encachuchada” e vai-se a ver é só conversa. Só a vista não nos garante nada. É preciso ter o cachucho na mão para o analisar e pelos vistos ainda não chegaram a esse ponto. Eu aconselhava--a a chamá-lo um dia aí à sua bancada e mostrar-lhe como o seu peixe é fresco. Diga-lhe que lhe pode cheirar a guelra à vontade que tudo o que se vê é de boa qualidade. Talvez assim, mais perto, consiga aperceber-se de mais alguma coisa sobre o cachucho.
Porque minha amiga, se ele não for verdadeiro, não vale a pena perder tempo com esse freguês. Digo mesmo que qualquer Jaquinzinho modesto mas com tudo em “su sitio”, vale bem um cachucho falso. E não devem faltar Jaquinzinhos…
Vá dando notícias até que eu passe por aí…
Pergunta – (de Tó Tarado – Tortozendo) : Continuamos sem saber nada da tua prima. Muita conversa, muitas promessas de apresentações, muito blá blá, mas a priminha ao vivo e a cores, nada. Vê se ganhas juízo nesse focinho (ou nas escamas, ou nas barbatanas ou seja lá onde for) e, ou deixas de falar nela ou então apresenta-a cá à malta. Tenho a impressão que andas a gozar com a malta, mas olha que talvez te saia o tiro pela culatra. Quem te avisa teu amigo é…
Resposta – Amigo Tarado (“amigo” é uma maneira de dizer) vá lá ameaçar a sua prima, se a tiver, que isto aqui é um lugar sério. Só lhe respondo para não julgar que lhe tenho medo. Espero que nunca lhe tenha passado pela mona (será lisa?) que eu algum dia ia apresentar a minha querida prima a um energúmeno como você. Coma uns tremoços que essas manias passam. E, se não gostar de tremoços, vá à fava.
Nota: - Não está nos hábitos do Carapau responder deste modo a alguém. Mas há tipos que só entendem este tipo de linguagem, e esta resposta serve também para umas centenas de tarados que se me tem dirigido mais ou menos nos mesmos termos. Futuramente, consultas do mesmo género, deixarão de ser respondidas. Isto é um consultório sério e a minha prima também. Bem… pelo consultório, respondo eu…