Fez ontem 629 anos que se travou a batalha de Aljubarrota. Sem ter ligação nenhuma com a efeméride, quis o acaso que ontem mesmo eu tenha passado pelo campo onde ela se desenrolou (certamente estava enrolada até aí) e um pouco mais tarde pela aldeia de Aljubarrota, a terra que deu nome à batalha e donde era natural a padeira Brites, a tal que aviou sete castelhanos segundo a história/lenda. No largo da povoação lá está uma escultura com o forno, a padeira e a respetiva pá.
Uns quilómetros mais à frente, numa povoação por onde Jesus Cristo certamente nunca passou, lá estava o alvo da minha investida por essas terras. Há cerca de um ano tinha acertado uma batalha contra um rabo de boi. Não se tratava duma pega de cernelha, ainda que os três da vida airada que compunham o grupo chegassem e sobrassem para tal. A arena onde se ia travar a batalha era uma antiga adega/curral/arrecadação/ou outra coisa qualquer desde que com mau aspeto. À chegada fomos informados que o rabo não ia chegar para todos os pretendentes. Concluí que por aquelas bandas há muita gente doida por rabos (de boi, mas que até podem ser de vaca) e que não perde ocasião para se atirar a eles.
No entanto disseram-nos que se tivéssemos paciência para esperar, ainda se havia de “dar um jeito” e arranjar “qualquer coisinha”.
“Dar um jeito” e “qualquer coisinha” são duas expressões muito correntes neste país à beira mar plantado. Estando nós em terras do diabo (que também tem rabo e até termina numa seta...) com fome e como tínhamos ido de propósito para apreciar o rabo ao boi, resolvemos esperar. Entretanto apreciei o local onde se ia desenrolar a batalha. E de tal maneira é indescritível para os meus parcos recursos literários que não sou capaz de dar uma pequena ideia. Limitar-me-ei a dizer que era um amontoado de velharias sem nexo, mas tudo envolvido por muito pó, talvez ele o mais velho das velharias. A higiene de tudo era a condizer, de tal maneira que a ASAE nem tem coragem de passar por perto de tal maneira as “inconformidades” preencheriam certamente toda a papelada disponível nos serviços.
Ao fim de uma hora de espera lá nos atirámos ao rabo, já não na sua versão “oficial” mas com tudo (e era pouco) o que conseguiram apanhar pelas gavetas da “cozinha” para meter na panela.
Como a fome era muita, esquecemos o pó, as velharias, os restos, todo o ambiente e lá nos atiramos ao que ainda restava do rabo.
Agora estou a pensar em escrever ao “Guia Michelin” para ver se visitam o local e se lhe arranjam pelo menos uma estrela, ou pelo menos uns restos de cometa que não se tenham desintegrado e que ficariam bem na decoração do curral, isto é da sala.
Estivesse este tasco aberto há 629 anos e nem a batalha de Aljubarrota tinha tido lugar…
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.