Ele tinha combinado com um familiar um encontro para tratarem duns assuntos. Reunir-se-iam na moradia que o familiar tem na aldeia donde os dois são naturais, mas onde não vivem no dia-a-dia. Ele chegou primeiro e como tinha a chave do portão, entrou. O outro só chegaria uns 40 minutos mais tarde, como ficou a saber pelo último telefonema.
Entrou no pátio e logo foi assaltado pela cadela Ladina que lhe fazia sempre grandes festas, na esperança de receber uma ou duas bolachas que ele sempre lhe levava. Foi o que uma vez mais aconteceu. Em seguida dirigiu-se para um recanto abrigado onde sabia haver umas espreguiçadeiras. Limpou as folhas de uma delas e deitou-se, estendido ao sol, a ler o jornal que levava.
Era um princípio de tarde de um dia de Inverno, mas com um sol magnífico.
Deu uma vista de olhos pelo jornal e começou a sentir-se confortável a gozar o calor do sol.
Isto e a digestão do almoço começaram a produzir os seus efeitos. Adormeceu e não tardou muito que estivesse a sonhar. Sonho esquisito e confuso.
Fernando Pessoa teria escrito: “Naquele princípio de tarde de Inverno teve um sonho como uma fotografia”. De facto o sonho estava relacionado com uma fotografia que tinha acabado de ver no jornal e que era, nada mais nada menos, a foto do grupo de concorrentes à fase final da Miss Universo. Todas alinhadas, em fato de banho e com os respectivos números à cintura. Só que o sonho não foi tão linear assim. Começou por sonhar que morrera e depois duma série de peripécias viu-se no “céu” rodeado de anjos. Só que os anjos não eram propriamente aqueles anjinhos de asas, assexuados, rechonchudos e loiros. E é nesta altura do sonho que entram as concorrentes a Miss Universo. Eram doze que literalmente o assaltaram, o apaparicaram, que bailavam à sua volta e começaram a acariciá-lo e a beijá-lo. Estava verdadeiramente no céu. A certa altura, começou mesmo a sentir-se mais lambuzado do que beijado, tantas elas (os “anjos”) eram.
Foi neste momento, que acordou sobressaltado com o bater do portão da entrada.
Era o familiar que tinha acabado de chegar. Ainda meio atordoado só nessa altura reparou que a cadela Ladina continuava a lamber-lhe, insistentemente, a cara.
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De Anabela a 16 de Dezembro de 2010 às 19:05
E mal o amigo entrou, atirou-lhe:
- Manel, estive aqui matutando (N.A. que é como quem diz sonhando) e decidi que a partir de agora vou mudar de religião. Ouvi dizer que há uma onde 100 virgens me esperam no céu...
De Carapau a 17 de Dezembro de 2010 às 19:28
1- E eu a julgar que "matutando" era um/a alentejano/a a comer batatas fritas da Matutano... :-)
2- Pois suponho que essa religião para a qual o amigo quer mudar, deve estar com dificuldade em arranjar tanta gente dessa...
Pelo sim pelo não o melhor é ele esperar sentado.
Pronto, que não sejam virgens então...
Kinda história. E o sonho tem destas coisas. Olha consolou-se. E a cadelinha a lambê-lo ajudou <ás carícias e beijos.
Nada mau.
Beijinho
De Carapau a 17 de Dezembro de 2010 às 19:30
Também acho que há coisas piores. Por exemplo, se lhe tem caido um tijolo na tola...
Bjo.
De Teresa Santos a 16 de Dezembro de 2010 às 22:28
E assim se sofre uma desilusão, e assim quase se vai parar ao inferno.
Onde é que já se viu Miss no céu?
Ai, ai, a Ladina é que merecia um pacote de bolachas pelo trabalho que teve!
Ah, é verdade. Ainda há concursos desses. Se me dizes que sim, atiro-me da janela. É grave, muito grave, porque significa que já não ando neste mundo.
Também não admira. Liga-se a TV está o nosso 1.º ou quejando, muda-se de canal, idem, muda-se uma vez mais idem, liga-se o rádio, idem.
Olha, vou-me embora!
De Carapau a 17 de Dezembro de 2010 às 19:37
Calma!
Tudo isto está mau, mas como tudo leva a crer que ainda vai piorar não vale a pena fugir.
Isso de supor que Miss não vai para o céu é um bocado preconceituoso ou não? Miss que se preze não faz da vida um Inferno (às vezes até faz mas isso não é chamado agora para o caso).
No fundo, se bem entendi, salva-se a cadela.
:-)
Até à volta!
De Teresa Santos a 17 de Dezembro de 2010 às 20:50
Sim, sim, é única com juízo, logo a única digna de salvação!
De maria teresa a 18 de Dezembro de 2010 às 12:26
"Presunção e água benta cada um toma a que quer"
O gajo não queria mais nada? Ser apaparicado por beldades quase em pelota! Levou com as lambidelas da Ladina e já foi muito. Ora toma!:):):)
Bjis
De Carapau a 19 de Dezembro de 2010 às 12:50
O gajo (senhor gajo, pois já alguém o reconheceu aqui como Manuel) é mais de vinho do que de água, mesmo que benta.
Então é ser presunçoso lá por ter um sonho?
É certo que foi um "sonho com elas" mas não deixou de ser um sonho.
:-)
De
Red Maria a 18 de Dezembro de 2010 às 22:31
Pois.
Cada um tem as lambidelas que merece.
De Carapau a 19 de Dezembro de 2010 às 12:51
O que eu poderia dizer sobre o assunto...
:-)
De maria teresa a 19 de Dezembro de 2010 às 12:59
A tentação é grande! Mas não digas!:):):)
De
MagyMay a 22 de Dezembro de 2010 às 20:25
Ele há coisas que só se tem mesmo em sonho...
não te parece?
Feliz Natal!
Prendas no sapatinho.
De Carapau a 23 de Dezembro de 2010 às 00:57
Igualmente.
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