Como toda a gente sabe, ou porque já lhe aconteceu alguma vez, ou porque leu ou ouviu contar, passam-se na net coisas do arco da velha e muitas vezes mesmo do arco da nova, se é que a nova também tem direito a arco.
Aqui vou só contar duas ou três com alguma piada, que me aconteceram neste blog.
Há uns tempos atrás, concretamente no post nº 99, intitulado “Encher pneus”, expressão que é sinónima, como toda a gente sabe, de “encher chouriços” ou falar muito sem dizer nada, apareceu-me, além dos comentários das pessoas que costumam por aqui passar, um dum ilustre desconhecido, a dizer que tinha gostado muito, blá blá blá pardais ao ninho, comentário de circunstância.
Tinha um link associado ao nome dele. Por curiosidade segui o link para ver se seria alguém “conhecido”. Fui…e cheguei a um site duma casa de venda de pneus novos e usados!!!
Achei piada, há tipos que fazem tudo pela vida, seja vender pneus, seja fazerem carapaus de escabeche ou joaquinzinhos fritos com açorda. Vida a quanto obrigas!
O outro caso passou-se mais recentemente (post 116 – Série B-1) onde apareceram dois comentários assinados, um por “cultura spagnola” e outro por “feromoni”. Segui os links e o 1º manda-me
“Vivere a Madrid” e o outro, também um comentário de circunstância, mandava-me para este sítio (aconselho a darem uma vista de olhos a este link, antes de continuarem a leitura, para melhor perceberem a continuação do post).
(Pausa para seguirem o link…
Já regressaram? Então continuemos).
Claro que também me ri com isto, quer a ideia tenha sido de um vendedor, quer tenha sido de alguém a gozar comigo. Tem piada e não ofende!
Mas, claro, fiquei a matutar: se em relação aos pneus era grande a probabilidade de eu ser um potencial comprador (quase toda a gente tem carro, logo precisa de pneus), já quanto a este terceiro caso quem terá dado o palpite que talvez o Carapau precisasse dum “elargement”? Que tanto pode ser no comprimento como no diâmetro. É que não dei conta de ninguém me ter vindo tirar as medidas…
Mas ri-me e ao mesmo tempo lembrei-me dum caso, passado há uns anos, contado pelo Dr. Adolfo Rocha, que não era outro senão o escritor Miguel Torga, a alguns colegas que tinham consultório no mesmo andar, em Coimbra. Um amigo meu que na altura estagiava lá em radiologia e que ouviu a história, contou-ma no dia seguinte. E contou-a assim, mais ou menos, o Miguel Torga:
“Quando me dirigia agora aqui para o consultório, uma mulherzinha que estava ali à esquina, pediu-me uma esmola e eu dei-lhe uma moeda. Então ela agradeceu-me, dizendo-me: “obrigadinha Sr. Dr. Deus lho acrescente!” Eu achei graça ao agradecimento e respondi-lhe: Deus mo acrescente, não. Deus mo endireite, que comprimento tem ele”.
Fiquei a matutar se eu deveria ter respondido da mesma maneira ao engraçadinho ou ao vendedor que me deixou o link, mas fiquei a pensar que se calhar ele não sabia quem era o Torga, e então deixei-o “encostado ao balcão” à espera da minha visita…