Lupa - objecto que serve para ampliar e que fica sempre bem a ilustrar um post…
Hoje há saldos!
Quem levar um procurador tem direito a um poema do Camões!
Oportunidade única! Últimos dias!
Até hoje ainda nunca precisei de um procurador para me tratar de nada. Mas há muita gente que não passa sem ele e até a centenária república não passa sem ter um sempre à mão. Há os emproados, sisudos e mais ou menos calados, os risonhos e fala-barato (os microfones à frente do focinho são uma tentação) e ainda outros do tipo descontraído a darem-se ares de que são modernaços, etc, coisa e tal, signifique isto o que significar, que eu de significados sei pouco.
Mas sei ouvir, ler e ver, o que já não é nada mau, e sobretudo sei tirar conclusões, ainda que muitas vezes erradas, no que estou muito bem acompanhado, como qualquer pessoa pode ver, desde que não ande distraída.
A verdade é que o hábito não faz o monge, diga lá o contrário quem quiser, que eu apresento provas.
Eu estou a falar, para quem ainda não entendeu, do PGR, sendo o G de geral, que eu cá não falo de casos particulares, a não ser neste caso.
Há processos que se arrastam há “milénios”, outros que prescrevem, procuradores ajudantes e ajudantes de procuradores que andam à porrada uns com os outros (mesmo que só verbalmente), procuradores bem vestidos e procuradoras mal lavadas e despenteadas, que dizem todas as semanas que para a semana que vem é que é a sério, que vendem peixe quando deviam estar a procurar com afã a verdade, há quem diga branco e diga preto ao mesmo tempo, há quem coce os ditos todo o tempo e se apresente como mártir de trabalho, há isto e aquilo e trinta por uma linha e a tudo o procurador chefe ou se cala ou abre a boca e sai asneira, com licença da mesa.
Há tempos como “prova” de que é uma pessoa de bem, honesta e que não mente, invocou a sua condição de beirão, como se alguma vez o lugar onde se nasce pudesse ser garantia de alguma coisa.
Eu, que não sou beirão, fiquei pasmado e não deixei de pensar em tantos e tantos que conheci e a quem não confiava nem dez reis de mel coado. Tenho dificuldade em entender estas pessoas.
Exactamente a mesma dificuldade em perceber como uma pessoa que diz que não tem poderes para fazer o que deveria ser feito (e já era assim antes de ter tomado posse do cargo), não tenha pura e simplesmente rejeitado o convite e o cargo. E agora que o governo diz que está há sete meses à espera que ele diga quais os poderes de que ele diz precisar, não tomou a atitude que um beirão, um minhoto ou um alentejano devia fazer, que era pedir a demissão.
Mas o magano do poder pega-se ao fundilho das calças e é muito difícil descolar da cadeira.
Sete meses! É certo que não são sete anos, porque
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prémio pretendia.
Os dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vê-la:
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe deu a Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida,
Começou a servir outros sete anos,
Dizendo: Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida.
mas mesmo assim é muito tempo!