Eu cá não sei se a conversa que a seguir transcrevo é entre dois algarismos, dois números ou 2 cromos. Mas ela prova como a nossa conversa do dia a dia está cheia de expressões, referências, frases feitas, onde os números entram em abundância.
Deixo aqui um desafio a quem queira dar a sua contribuição.
- É pá! O gajo é um 0 (zero) à esquerda!
- Em compensação ela é verdadeiramente a nº 1.
- Olha que 2!
- Não há 2 sem 3.
- 3 foi a conta que Deus fez.
- Quais 3? Os 3 da vida airada?
- Qual nada. Os da tua vizinha.
- De qual?
- Não me digas que não a conheces?
- Só conheço aquela:
Pobre como Job
Casou a minha vizinha.
O noivo tinha 3 vinténs
E ela nem isso tinha.
- Afinal sempre conheces!
- E tu conheces alguma de 4?
- Se conheço! Há dias apanhei uma que nem o 4 fazia.
- Foste de 4 para casa…
- Mais ou menos.
- É uma posição como outra qualquer. Agora se queres saber mais recomendo-te que vás aqui. Talvez aprendas umas coisas…
- Aprendi foi com as aventuras dos 5.
- Eu 6 lá…
- Eles pintavam o 7!
- Não me fales nisso que me lembro logo do 007.
- P’rá porrada era o maior. Deixava os gajos feitos num 8.
- Esse nem deve ter andado os 9 meses na barriga da mãe…
- Tens aí uma de 10?
- Não me lembres desgraças, Então não é que acabaram por jogar 10 contra 11?
- 11? Isso é corno, no Brasil.
- Cá só é corno se o 11º for o último.
- E os 12 Homens em fúria? Viste? E os 12 de Inglaterra?
- Vi foi os 12 apóstolos sentados à mesa com cara de caso.
- Não era caso para menos. Havia tão pouco que comer…
- Tão pouco e eles eram logo 13.
- Não me fales em 13 que me dá um azar do 14!
- Essa foi boa. Acertaste no 20.
- Por falares nisso. E os cigarros 20-20-20?
- Eram os 3 vintes. 20 cigarros, 20 gramas, 20 tostões.
. Depois os tostões foram aumentando…
- Mas a marca ficou a mesma. Ainda me lembro de terem chegado aos 25.
- Isso é um quarteirão. Dantes, os carapaus vendiam-se à dúzia e ao quarteirão.
- Isso era quando as pessoas sabiam contar!
- Era. Na feira dos 24.
- Lembras-te daquela gaja que por lá aparecia e que a malta dizia que era um cavalo de 30 moedas.
- Boa como a tua prima.
- Não metas a minha prima nisto que ainda me arranjas um 31.
- Depois tinhas de ir ao médico.
- Ora diga lá 33.
- Outros tempos. Agora é só ecografias e TAC’s.
- E o Ali Babá e os 40 ladrões?
- É pá política aqui não. Mas olha que nem sabia que eram assim tantos lá no governo…
- Parece-me que são capazes de serem bem mais. Aí uns 69…
- Pronto! Só cá faltava esse.
- Esse? Esses, queres tu dizer. Com a esperança de vida a aumentar cada vez há mais pessoas a fazer esse número.
- No trapézio?
- Em qualquer sítio. Mas recomendo-te este onde o nosso amigo Carapau fez um estudo sobre o assunto.
- Esse também tem a mania…
- Mas não vai chegar aos 80…
- A volta ao mundo em 80 dias? Viste?
- Vi e li. Li com o Verne e vi com o David Niven e o Cantinflas.
- Esse também era um grande número…
- 100 anos que eu viva…
- Chiça! Tanto tempo?
- 101, ainda é mais.
- E 110 mais ainda. “Amigos 110 todos nós temos…”
- Eram os amigos do Camilo.
- Mais ainda, eram os 200 irmãos!
- Por falar nisso. Não tenho visto o teu amigo…aquele pequenino e magrinho…
- O 250 gramas?
- Esse mesmo! Eram precisos 2 para fazerem 500.
- Os portugas de 500 é que eram gajos com eles no sítio. Foram por esse mundo fora…
- E agora também vão. Uns, nos voos “low coast” de férias, outros de comboio prá emigra. De comboio e também de avião. Alguns vão para casa do 14…
- Mas os de 500 vinham carregados de tudo. Ele era pimenta, canela, cravinho da Índia, ouro…
- Valeu-lhes de muito…
- A eles e a nós. Estamos cada vez pior. Sabes que também agora se chama a esta geração a dos 500?
- Sim. Dos 500 euros.
- Nunca mais chegamos aos 1000.
- Ih! Tantos!
- Tantos? E as 1001 noites?
- Gostava das histórias com odaliscas…
- Eu cá prefiro as 1001 maneiras de cozinhar bacalhau.
- É pá já viste as horas? Temos de ir almoçar!
- Com 1.000.000 de diabos! Já estamos atrasados…