Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 2010

A diferença

                    

 

 

Os franceses diziam que « la différence entre l’homme et la femme, c’est que la différence entre »  .

Eu escrevi « diziam » em vez de « dizem » porque, ao que parece, há cada vez mais diferenças que não entram. É certo que mesmo entre as próprias diferenças há diferenças, pois hoje há muitas diferenças envergonhadas que já nem à porta batem, quanto mais entrar. São em geral diferenças cabisbaixas, que acabam por ser atacadas, geralmente por trás, por outras mais ousadas.

É bem verdade que as palavras são como as cerejas e os pensamentos ainda pior, porque nem caroço têm e assim fui-me deixando arrastar por elas – pelas palavras que não pelas diferenças, entenda-se – quando o meu propósito ao começar este post era bem outro, ou não, porque no fundo isto anda tudo ligado.

O que me fez escrever este post foi uma apreciação que ainda há pouco fiz ao observar o ar de êxtase com que duas representantes do sexo feminino apreciavam uma montra de sapatos.

Não direi que pareciam estar a atingir o sétimo céu, seria certamente exagerado, mas entre o quinto e o sexto andavam com certeza. E foi a partir disso que me pus a pensar em como são diferentes os homens e as mulheres, para além daquela teoria inicial com que tão “brilhantemente” abri este escrito.

Assim um homem, ao calçar os sapatos numa bela manhã, olha-os com mais atenção e percebe que estão a dar as últimas. Pensa: “tenho de comprar outros chanatos logo que tenha tempo”.

E, na 1ª oportunidade, dá uma volta por duas ou três montras, escolhe uns sapatos, entra, aponta “quero um par daqueles” e diz o número. Três ou quatro minutos depois está na rua com os sapatos debaixo do braço.

E lá vai cuidar da vida, podendo mesmo acontecer que esse “cuidar da vida” tenha a ver com as diferenças acima referidas.

Uma mulher não. De manhã quando se levanta pensa em muitas coisas, certamente que  algumas dessas coisas são até muito sérias e nem têm a ver com as tais diferenças (sempre elas, reparam?) e também “vai à vida”, qualquer que seja essa vida.

Mas (sempre o terrível “mas”) se acontece que no seu “tratar da vida” tem de passar por uma montra, o mundo aparentemente organizado e rigoroso treme nos seus alicerces, o sol perde parte do brilho, a terra chega por vezes a abanar e ela pára. Sapatos! “Olha aqueles tão giros. E aqueles ali… Se tivessem uns um bocadinho mais claros… vou entrar. Pode ser…”

Antes de ela entrar, vamos nós entender-nos aqui. Ela tem, pelo menos, uns trinta pares lá em casa, e à maior parte deles, só os calçou uma ou duas vezes, porque “afinal não era bem isto que eu queria”. E só porque no seu “disco rígido” está gravada esta informação, ela entra exactamente na loja porque “aqueles sim” são exactamente aqueles com que sempre sonhou e além disso até são giríssimos. “Giríssimo” não é o material de que são feitos, seja cabedal, calf de 1ª qualidade, pano ou plástico.

“Giríssimo” é quase um estado de alma.

Apressando as conclusões: ela entra, desfaz a loja de alto a baixo, calça, descalça, torce o nariz ou não e duas horitas depois (convém dizer que cada “horita” tem uns 90 minutos) ela sai da sapataria. Com os sapatos? Às vezes sim, às vezes não e então lá terá de recomeçar tudo noutra loja.

No fim da aventura, repara que “já é tarde”, lembra-se que tinha de levar manteiga para o pequeno almoço dos pequenos, mas acha que já não tem tempo e corre para casa, pensando que afinal a manteiga até nem faz muito bem à saúde, o melhor é impingir-lhes a marmelada que a mãe lhe ofereceu e que os miúdos não gramam. Nessa retirada apressada, ainda arrisca um olhar para mais duas ou três montras.

Estas sim, eram (são) as diferenças a que eu queria chegar ao começar o post.

As hormonas, as testosteronas, as feromonas (neste caso dos sapatos – os sapatos novos exalam umas feromonas especiais, os fabricantes já as aplicam) e sobretudo as “monas” diferentes é que ditam este diferente comportamento “entre l’homme et la femme”.

“Ainda bem” penso eu agora, senão não tinha escrito este “maravilhoso” post…

 

publicado por Carapaucarapau às 14:41
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De maria teresa a 24 de Fevereiro de 2010 às 23:49

Mas quem disse ao Carapau
Que toda a fêmea é assim?
Compara-as com um lacrau?
A um invertebrado? Sim!

Este peixe tem que aprender
Que nem todo o mulherio
Não tem mais nada que fazer
Que aturar seu desvario…

Tenha tino! Tenha juízo!
Não tire essas conclusões
As mulheres não trazem guizo
Como muitos matulões

Muitas são emancipadas
Sabem aquilo que querem
Dão algumas sapatadas
Fazem tudo o que puderem…

Comprar sapatos a eito?
Mas que enorme mentira!
Compra apenas o eleito
Aquele que mais admira.

Carapau espero que aprendas
A conhecer bem a mulher
Para não perderes tuas “prendas”
Num mar revolto qualquer.
MT


De Carapau a 25 de Fevereiro de 2010 às 11:28
O tiro saiu-te muito alto,
Levantaste demais a alça.
Ou compras sapatos de salto,
Ou acabas por andar descalça.

Claro que só compram o "eleito"
Não disse que os compram a rodos.
O problema está no defeito
De gostarem de eles todos.

Não entendes uma caricatura
Por isso só mandas bocas.
Que te hei-de fazer criatura?
Parece que só tens ideias ocas!

O que te vale nisto tudo
É eu saber o que vales.
Julgas-te ainda no Entrudo...
Fosse esse o pior dos males!!!

Defendes o indefensável
Defendes uma causa perdida!
Não fosse eu tão amável
E achar-te uma querida,

Dava-te cabo da proa
Com que apareces aqui.
Tens de comer muita broa!
Mas que fazer? Gosto de ti...

:-)


De maria teresa a 25 de Fevereiro de 2010 às 14:04

O tiro saiu-me muito alto?
Isso diz quem sente um golpe
Passei-te a perna num salto
Corri sempre a galope…

Viraste o bico ao prego
E fizeste-o porque sabes
O quanto vale o meu ego
E quanto eu sei o que vales!

Mandei bocas! Disparate!
Bocas só as de botija
Cacei-te em pleno dislate
Tudo isso não te alija

Não entendo, dizes tu!
Mas quem és tu, digo eu?
Para fazeres um sururu
À volta do que é meu


Meu é o modo de pensar
Teu a tua teimosia
Braço a torcer não vais dar
É de homem! Só podia!

Eu no Entrudo? Não estou!
Há muito que de lá saí
A tua caverna vagou?
Por isso é que estás aqui?

Sem escamas não vais ficar
Pois nas entrelinhas li
Que mesmo a bem refilar
Gostas de mim, isso eu vi…

PS- Como dono deste espaço
Agradece à Cantinho
Ela gosta do que “faço”
Dá-lhe, por mim, um beijinho…


De Carapau a 25 de Fevereiro de 2010 às 17:52
É de mulher, está visto!
Ninguém a consegue calar.
Adora este petisco
De vir pr' aqui desabafar.

E tenta provocar desacatos
E denegrir-me a imagem.
E tudo por um par de sapatos!
Mas que grande sacanagem. :-)

No entanto, como sou bom
Nunca me metes em apertos.
Tenho comigo este dom:
Estou sempre de braços abertos.

P'ra te receber a ti, Teresa
E a quem me venha visitar.
A lareira está sempre acesa:
Podem sentar-se e escrevinhar.


De maria teresa a 25 de Fevereiro de 2010 às 19:03
Obrigada Carapau! Eu sabia! Eu sabia!
Tens um coraçãozinho d´oiro…distribuis muita alegria
O que seria de nós, sem a tua companhia?
MT


De Carapau a 25 de Fevereiro de 2010 às 22:08
Ah!Ah!Ah!
Agora sou Carapau de companhia!


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