Comecei o ano a meter essência no tanque. Agora, aqui, para continuar vou bufar ar nos pneumáticos, por manifesta falta de inspiração. Este é o post nº 99 e o centenário está aí à porta e eu assim de mãos a abanar, sem ter conseguido até agora arranjar alguma coisinha saborosa para oferecer. Estou a ver a coisa negra…
Vamos lá então encher este pneu.
O “O” e o “P”
(ou a técnica de encher pneus, sem ser a bufar ar)
Ocupam, respectivamente, as 15ª e 16ª posições no alfabeto, considerado sem o “K”. Um dia destes, com a entrada daquele, descem um lugar na classificação. São actualmente duas entre vinte e três, passarão a ser duas entre vinte e seis, quando com o “K” entrarem também o “W” e o “Y”.
Andam muitas vezes juntas, guardando a ordem por que aparecem no alfabeto, mas na maior parte dos casos aparecem com a ordem invertida, isto é, com o P a empurrar o O. As duas sozinhas aparecem em poucas ocasiões e em geral o O usa um sinal na cabeça parecendo, neste caso, um boné de pala. O PÓ que então fazem, causa alergia a muita gente. Eu, espirro quando me aparecem assim. Outros fazem “linhas” com ele e aspiram-no.
Na aspiração também há dois processos: por meio dum aspirador, para o PÓ que se acumula lá em casa, e por um canudinho para o PÓ que é importado, sem pagar direitos alfandegários. Deste, também há quem o leve em injecções. Parece que então lhe chamam cavalo, vá-se lá saber a razão…
Por vezes, deve ser quando chove, o O usa um chapelinho e aparece o PÔ, mais no Brasil do que cá, mas só quando não se quer dizer PÔrra mesmo.
No verão o chapéu é de outro feitio, para melhor resguardar do sol, mas nessas ocasiÕes andam sempre acompanhadas. Quem PÕem e disPÕe sabe do que eu falo.
Já na posição OP, e sozinhas, são raramente vistas. Normalmente em meios mais eruditos, seja a falar das obras de um grande escritor, seja, e aqui mais frequentemente, a falar das obras dos grandes compositores. Veja-se o exemplo “Concerto para piano e orquestra em lá menor, OP. 54 de Shumann”.
Mas não passa de uma redução duma palavra latina (op. de opus=obra).
Quando uma coisa é ÓPtima lá estão os dois pela ordem, mas com acompanhamento. E brevemente, no caso deste exemplo, o “O” vai ficar só, porque o “P” vai à vida. E em mais palavras vai acontecer o mesmo. Um tal acOrdO, em que o P não entra, a isso vai obrigar.
São duas letras que entram em muitas palavras com as mais diversas companhias, sobretudo o O que andam sempre em grandes fOlias, já que o não deixam entrar em “grandes festanças, pequenas festinhas, nem em bailes, nem em serenatas, e em tantas danças”. Mas quando entra, arrasta a perna no tangO, já que não dança a valsa, nem mesmo o samba.
No OvO (que mais parece uma cara que uma palavra) está em maioria e são precisas aquelas duas traves inclinadas para os dois juntos não fazerem um infinito . Quando um O salta para cima de outro O já a coisa é mais fácil pois não fazem mais que um 8. Já no 80 são precisos três e, quando entram mais, nunca se sabe o que pode acontecer…Uma suruba não fazem, porque o O não entra nesses ajuntamentos.
Já o P é Pau para muita obra, mas nunca foi encontrado agarrado a outro P. Nem salta para cima de outro P, ainda que também dê os seus Pulos. É letra que não entra nesse tipo de coisas, coisas essas que, curiosamente, até começam por P. Ironias…
Muito Prático é mais do tiPo Pão Pão e nenhum queijo, mas emparelha com muitas letras, não indo, no entanto, com qualquer uma. Já o O é pau para tOda a Obra, querendo eu dizer que tanto vai à frente como atrás, tanto se agarra ao F como ao G ou ao H.
Ao H andou agarrado o P, em tempos, como acontecia nas “Parmácias” antigas e mesmo quando duas pessoas “POdiam”, bem ou mal, uma com a outra. Mas não era de seu feitio essa companhia e desligaram-se. Depois deixou essas coisas para o F sozinho e por isso nunca mais se juntaram. O P é “Porreiro Pá”, já o F está Feito para outras Funções (bem agradáveis muitas vezes, mas isso já sou eu a falar).
Mas a conversa é sobre o O e o P, as outras letras também darão PanO para mangas, mas noutra OcasiãO. No PratO, no PatO, no PitO e quando se empoleiram no PináculO, uma abre e a outra fecha. Já numas boas aPOstas deixam esse trabalho para outros. No meio da corruPçãO, está o P, e o O aparece no fim para fechar o negócio.
Por falar nisto, nenhuma das duas (O e P, recorde-se) é suspeita de estar metida na sucata, mas têm ParceirOs POlíticos que estão metidos até ao PescoçO. Uns OPinam sobre a OPacidade das OPerações, outros OPõem-se, OPortunistas, na esperança de também virem a ser convidados para OPíParOs almoços.
O e P dão valiosa colaboração aos PhilhOs da Puta, mas enquanto o P só ajuda os que fazem Panelas, já o O entra em quase todas, desde o Ócaraças até outros PalavrÕes de importância superior.
Isto só não foi um POst para encher chOuriçOs, ou mesmo Pneus, porque as duas letras não se entenderam sobre o assunto, mas depois acabaram por chegar a acordo e fizeram um PactO. Encheram um PneumáticO e um PaiO. Sendo com carne do lombo, nem é PiOr…
“PiOr que o PaiO do PriOr só mesmo o PaiO do ProcuradOr” (mas isso deve ser da qualidade da carne). Isto dizem as beatas, que é coisa onde P e O não metem o bedelho.
E ProntO, cheguei ao Phin(O)!
(Também era _ _ssível escrever sem _s e _ês , mas nã_ era a mesma c_isa)