Eu não podia perder esta!
No Jornal de Notícias de 16/12/2009 vem a seguinte notícia, de que transcrevo algumas passagens:
Um milhão de euros é quanto vai custar um mastro com cem metros de altura que a Câmara de Paredes vai construir para içar uma bandeira nacional.
Deverá ser uma das maiores bandeiras portuguesas do Mundo a ser içada, quase tão alta como o monumento do Cristo-Rei, em Lisboa, e com mais 25 metros do que a Torre dos Clérigos, no Porto. O mastro com cem metros será maior que o Big Ben, em Londres, e a bandeira terá 25 por 16 metros.
Pelo tamanho do mastro, a bandeira içada em Paredes poderá ser avistada de Braga ou até de Aveiro.
"Este monumento permite georreferenciar o concelho de Paredes", explica o autarca que espera cativar apoio financeiro em mecenas privados. Adianta ainda que o monumento será simples: "Terá apenas um pequeno motor eléctrico para içar a bandeira".
Para quem quiser ler a notícia na íntegra pode ir aqui, pois encontra umas coisas e uns nomes interessantes…
A mim, aqui e agora, interessa-me o mastro. Dou comigo a pensar em como a minha vida poderia ter sido diferente se eu também tivesse um mastro, já não digo que se visse desde Aveiro ou Braga, nem que superasse o Big Ben, mas pelo menos que fosse avistado por algumas das minhas vizinhas. Que fosse como que uma georrefência (com pedido de licença ao presidente da câmara de Paredes pelo uso da palavra), para o mulherio das redondezas. Assim, quando alguma se sentisse perdida ou desorientada, olhava aqui para as minhas bandas e com os sentidos fixados no mastro, orientava-se e orientava a sua vida.
Porque um mastro, respeitável público, não é um pau ao alto. Ou melhor, não é só um pau ao alto. É um farol, uma torre de emissão de ondas, que orienta, que desperta o interesse, que satisfaz (ou pelo menos deve fazer por isso).
Ora se eu tivesse um mastro desses, que pelos vistos vale 1 milhão, eu seria o farol que iluminava o caminho, seria a Meca para onde se voltariam as almas necessitadas (“almas” é maneira de dizer, porque nestas coisas de mastros os corpos contam muito), seria o conforto de tanta gente. E, sendo munido de um motor eléctrico, com um simples toque no botão estaria sempre apto a ser içado, o que não acontece com qualquer mastro até hoje conhecido. Por muito boa que seja a qualidade da madeira, há sempre pequenas falhas, às vezes, direi mesmo sempre, nos momentos mais delicados.
Daí que ao ler a notícia, eu entenda muito bem o Sr. Presidente da Câmara de Paredes. Há lá coisa melhor, para o bem das gentes de Paredes, que passarem a ter um mastro para se orientarem. Direi mais: para sonharem, para darem asas à imaginação, pensando quão felizes seriam se dispusessem de um mastro assim para… para…sei lá para quê! Para pendurarem a roupa por exemplo. Para as pessoas de Aveiro ficarem cheias de inveja, por não terem mastros como os de Paredes. Estou em lançar daqui uma palavra de ordem: “Povos de todas as terras, exijam mastros que se vejam e não deixem que as vossas cuecas, que os vossos sutiãs, que as vossas peúgas, mesmo que as vossas bandeiras, sejam pendurados num pauzito com 2 ou 3 metros de altura. Mastros ao alto e mastros que se vejam!”
É por estas inesperadas notícias que a vida conserva o seu interesse. E eu, que nunca tinham pensado em tão importante assunto, agora vejo tudo mais claro. Um mastro assim, satisfaz no presente (um milhão deve dar de comissões…ora bem… três vezes sete são…não é 3 é 4 vezes…pois…é só fazer as contas) e satisfará mais tarde (quando já se fizerem mastros mais sofisticados e este tenha de ser vendido para sucata), um bom sucateiro, que fará um bom negócio, que dará umas boas comissões…É só fazer as contas! Não deve ser por acaso que o mastro de Paredes é para ser avistado de Aveiro. Ele há cada coincidência…
E foi assim que um post, que começou com um mastro virado para um certo objectivo, certamente elevado, caiu no mundo rasteiro e sujo da sucata.
E agora fica aqui uma dúvida: será que um mastro com um motor eléctrico não será a mesma coisa que um zequinha vibrante?