“Elas” estão aí à porta e a carapausada reuniu-se em assembleia, alargada a outros peixes independentes que também querem comer umas navalheiras sem se comprometem (na esperança de um dia também poderem comer amêijoas, ou ostras ou mesmo mexilhões, mantendo sempre a “nobreza de carácter” dos “independentes”), para discussão e elaboração do nosso programa.
A discussão só não foi acesa porque aqui é difícil acender o lume e alimentar a chama e também porque ninguém quer ficar mal visto, não vá ficar fora das listas, seja lá isto o que for.
Depois de muita peixeirada (nem outra coisa era de esperar) de muitos arranjos e re-arranjos lá se chegou a um “memorando de entendimento”, o que quer dizer que todos ficaram lixados com todos, mas fazendo o possível para não o darem a entender, sempre com vista a “uma vida melhor”.
Enfim lá se terminou o nosso programa, que agora aqui vou apresentar nas suas linhas mais gerais.
As quatro linhas principais vão ser a do Norte, a do Sul, a da Beira Alta e a da Beira Baixa (com forte contestação dos da linha de Cascais que achavam que a deles devia ter prioridade. Os das outras linhas calaram-se, na esperança de virem a ser beneficiados com o TGV -Todos Gostam de Vetar - mas vão-se lixar porque não vai haver disso para ninguém. Aqui não há direito de veto).
Outras linhas que estão no programa, a que poderemos chamar de “ramais” são, a saber:
· Ramal de apoio social: será distribuída diariamente uma ração de leite e mel a quem provar que não tem abundância disso lá em casa. Para o efeito serão feitos contratos promessa com várias colmeias e com algumas reconhecidas vacas da nossa praça.
· Ramal de apoio aos que trabalham: vamos garantir a todos os que ainda trabalham, bilhetes de ida, em classe turística, para qualquer parte do mundo, de modo a que não tenhamos dentro de portas maus exemplos. A quem não aceitar estará garantida a prisão por períodos de 6 meses, renováveis por iguais períodos até atingirem a idade de reforma (altura a que passarão a ter direito às regalias do ramal anterior).
· Ramal de apoio aos que passam a vida a polir esquinas: serão garantidas esquinas ainda virgens (já temos contactos com algumas remotas ilhas da Polinésia para o efeito) de modo a que não falte nada a ninguém.
· Ramal de apoio à terceira idade: todos os que se aguentarem nas canetas terão direito à quarta idade, mesmo aqueles que já são da idade da pedra lascada.
· Ramal de apoio aos jaquinzinhos: nova legislação com a malha mais apertada de modo que só possam ser comidos quando o declararem (este ponto foi muito discutido porque havia os que os queriam com açorda e outros com arroz de tomate. Perante as posições irredutíveis destes dois grupos, ficamo-nos pela malha…)
· Ramal de apoio à mulher que não consegue apanhar um homem: serão fornecidos “laços” especiais e haverão sempre por perto pelo menos duas das que já não consigam aguentar os que lhe saíram na rifa. Promoveremos deste modo a rotatividade, a contento das partes, para que as todas as partes fiquem consoladas.
· Ramal de apoio aos homens que queiram desistir de o serem: na medida do possível, podendo inclusivamente ter de se recorrer à importação (de onde, é um problema que só com o tempo poderemos resolver), vamos fazer o possível para lhes fornecer o “mel e o leito” necessário a fim de não se verem obrigados a recorrer às praias, parques e outros locais menos seguros.
· Ramal de apoio a todos os outros necessitados: um passe para poderem viajar no ramal do Seitil (para quem não conhecer recomendamos que se informe aqui).
Estes alguns dos pontos desenvolvidos no programa e que aqui deixamos só à guisa de exemplos.
Bem o poderemos afirmar, vai haver de tudo para todos e tudo do bom e do melhor.
Portanto…
Nota final: escusado será dizer que tudo isto é muito trabalhoso e dispendioso, pelo que, uma vez que não temos uma quinta à medida para fazer “aquela festa” para recolha de fundos, nos vemos obrigados a apelar para a melhor boa vontade dos nossos amigos-camaradas-companheiros no sentido de nos fazerem cá chegar “ao fundo” os fundos possíveis (aceitamos tudo desde dinheiro a “coisas”; aceitamos mesmo qualquer coisinha desde que (ainda) em bom estado).