Termina hoje mais um ano, o outro já está ali ao virar da esquina, é hora de fazer o balanço.
Durante o último ano esta empresa V.I.D.A. teve alguns “investimentos” que podemos considerar de muito bons, tendo em atenção a “conjuntura de crise” que nos tem assolado nos últimos anos e que não nos permite alimentar muitas esperanças no futuro próximo. Já no futuro a longo prazo podemos garantir o encerramento definitivo da empresa, pois o seu ramo de atividade tem os dias contados e não vemos a possibilidade de “mudança de ramo” , pelo menos com a tecnologia de que hoje dispomos.
Foi um ano muito mau no subsetor da amizade, pois dois ou três dos nossos principais “clientes” (e ao mesmo tempo “investidores”) encerraram definitivamente a sua “atividade”. Esta mesma tendência já vinha aliás de anos anteriores. Já a procura de “novos mercados” prosseguiu com alguns êxitos, se bem que sejam mercados muito exigentes e que requerem muito tempo para se estabilizarem. E tempo não é coisa que a “empresa” tenha muito em stock. Vai sendo gerido tomando precauções, sobretudo porque estando muito ligado à “energia”, corre sérios riscos. As “energias fósseis” estão a degradar-se a olhos nunca vistos e esta empresa (ainda) não tem voz ativa nesse mercado. Já quanto às “novas energias”, de que as renováveis são só uma parte, estão pela hora da morte, salvo seja, pois isto é só uma maneira de dizer.
No subsetor da saúde não há felizmente grandes queixas a contabilizar, se bem que seja um setor do qual não há razão para esperar crescimento. Segundo todos os analistas apontam, ele irá “mirrando” com o passar do tempo, até ter de fechar.
Em resumo: o ano não foi brilhante, mas podia ser sempre pior, o “cach flow” manteve-se estável, mas manda a boa técnica de gestão que não se “distribuam dividendos” e se canalizem os resultados para “fundos de reserva” para prevenir eventuais “futuras crises” que poderão aparecer durante a duração da “empresa”. Como ensinam todos os tratados não há “empresas” eternas.
Por fim resta agradecer aos nossos “clientes e amigos” a atenção que sempre nos dispensaram, fazendo votos para que também as respetivas “empresas” sigam um rumo seguro, saudável e longo.
Agora vamos abrir o 2016 a ver as surpresas que ele nos trará.
Ainda que possa não parecer, este “balanço, relatório e contas” foi submetido à apreciação do nosso “Revisor Oficial” Lince, que, não sabemos a razão, não anexou o seu habitual “Parecer”. Será que também ele já encerrou a sua atividade? O futuro próximo o dirá.
Ontem sentou-se á minha frente, num centro comercial, um sujeito que vinha carregado com sacos de compras. Tratava-se de livros, a que ele tirava os autocolantes com os respetivos preços, depois metia-lhes dentro um papel que serviria para a eventual troca e finalmente metia cada livro na sua saqueta. Eram, evidentemente, prendas de Natal.
Sorri, para dentro, por dois motivos: primeiro, porque uns dias antes eu tinha feito o mesmo e segundo, porque eu não tinha feito tantas verificações quantas ele fez. Depois de meter cada livro na respetiva saqueta, ele voltava a abri-las umas tres vezes, para verificar se estava tudo em ordem.
Comprar livros para eu ler não é nada complicado. Ou já entro a saber o que quero ou, uma vez por outra, quando dou uma mirada pelos escaparates lá haverá um ou outro que acabo por comprar.
Outra música é comprar livros para oferecer, muito especialmente no Natal.
Como só ofereço a familiares, com quem estou portanto muito à vontade, sigo um critério: só compro livros “baratinhos”, em saldo ou “ao quilo” e daqueles que as pessoas ganham tanto em lê-los como em não os ler. Em geral são livros leves, quanto ao peso, quanto ao preço e quanto ao conteúdo. Os beneficiários, aliás, já sabem as regras do jogo.
Já sei que em troca irei receber, no máximo, uns dois (eu ofereço uma dúzia) e um deverá ser do ou sobre o Fernando Pessoa e o outro sobre uma qualquer história ou curiosidade da Matemática.
Quer dizer, cumprem-se os rituais, gasta-se algum dinheiro para fazer funcionar o mercado e não se acrescenta nada de novo.
É neste ponto que a minha memória dá um salto muito grande lá para trás e relembro 2 ou 3 livros que recebi, em recuados Natais. Todos dum senhor que se chamou Emilio Salgari e que foi dos escritores de aventuras que mais livros “viu” publicados nos quatro cantos do mundo. Diz a história que foi também aquele que menos dinheiro viu das centenas de edições que se fizeram. Viveu sempre com dificuldades económicas.
Hoje seria um escritor “politicamente “ incorreto e inconveniente pois matava animais e pessoas à velocidade da luz, nas aventuras em que metia os seus herois.
Pretos, brancos, amarelos e Peles Vermelhas tombavam ao mesmo ritmo que caiam leões, tigres, leopardos, elefantes, etc. Bastava que complicassem a vida ao heroi da aventura.
Só um exemplo: para petiscar um pedaço da ponta da tromba de elefante, não tinha problema de, durante um luivro matar 3 ou 4 animais, para lhes tirar esse pedaço que, depois de assado na cinza duma fogueira, constituia um petisco de “haute cuisine”, como se diria hoje.
Eu lia os livros dele, devagar, 3 ou 4 páginas de cada vez só, para “fazer render o peixe”, ou seja para prolongar o prazer que isso me dava.
Depois, reunia um grupo de 3 ou 4 putos um pouco mais novos que eu (naquela altura chamavam-se rapazinhos, a “putice” ainda não tinha sido inventada) e contava-lhes tintim por tintim todas as peripécias da aventura.
E não era preciso mantê-los em silêncio e atentos, pois eles encarregavam-se de assim se manterem, comendo palavra a palavra a “minha” história e vibrando com ela, tanto como eu tinha vibrado ao lê-la.
Mas isto tudo se passou em “outros Natais”…
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
E tu, Lince amigo, por onde andas? Há bastante tempo que não tenho notícias tuas. Sorte a tua foi não teres vivido na época do ti’Emilio Salgari, senão…
VOTOS DE FELIZ NATAL A QUANTOS POR AQUI PASSARAM DURANTE ESTE ANO.