Hoje como ontem, com o post no horizonte, bem tento um golpe inédito e com interesse. Porém, esforços inúteis. Puxo pelos neurónios e eles encolhem-se e escolhem responder com feios gestos. Fixo de frente o Word, espremo-os e sumo nem vê-lo.
Textos lógicos, de fino humor, ou mesmo grosso, isso tudo que é bom, nem vê-los. Fogem de mim com todos os pés, pelo menos os sete do costume, e fico com o trombil de quem quer e é incompetente.
Milhentos fios com que tecer um post colorido, despretensioso e com interesse e piso, repiso, moo e remoo, dou e repito, estico-me todo e é só um tipo de bochecho que consigo escrever.
Meti-me por ínvios roteiros, de pouco pisoteio e por isso mesmo difíceis.
É em soluços que sigo.
Sinto perto o fim do tormento, puxo o tufo piloso por me ter metido nele e solto um longo suspiro por consegui-lo.
Perto do impossível, porém só o possível.
Enfim, o difícil fim. Foi só um exercício.
Texto convertido pelo Lince.
Por isto mesmo é que se diz que tens olho de lince.
Porquê? Porque o post foi escrito sem que o 1º simbolo do conjunto de vinte e seis que o constituem, tivesse sido empregue. Por isso o texto só um exercício. Tentem produzir um deste tipo...
Mais uma dose dos proverbiais provérbios. Em principio os últimos, mas como os últimos são sempre os primeiros, nada aqui é definitivo. Depois se verá…
91 – A carapau de olho mortiço, troca-o por um bom chouriço.
92 – A carapau de escama baça, troca-o por ginja de Alcobaça.
93 – Carapau de muita arte o que quer é tramar-te.
94 – Se carapau te desperta a gula, não o comas sem ler a bula.
95 – Carapau novo e bonito? Melhor que o imperador Hiroito.
96 – A peixe sem escama, não mostres a cama.
97 – De carapau que não sabe nadar, o melhor é desconfiar.
98 – Carapau que lê a Hola, só mesmo com molho à espanhola.
99 – Nos dias quentes de verão, o melhor é tê-lo à mão.
100 – A carapau que namora ao postigo, o melhor é dar-lhe abrigo.
101 – Carapau escalado? Grande crime, grande pecado.
102 – Enquanto for jaquinzinho não é bom tê-lo por vizinho.
103 – Quando o carapau está barato, com ele enche o teu prato.
104 – Cação quente, carapau frio, amor vadio.
105 – A Carapaus que têm blogues, com eles não dialogues.
106 – Com carapau à mão, toca o teu violão.
107 – Com jaquinzinho magro e petinga gorda, faz com eles açorda.
108 – Para estares em forma come carapau dentro da norma.
108 – Com carapau, cebola e tomates, não há nó que não desates.
109 – A peixe gordo e descansado não o queiras nem fiado.
110 – Se o carapau for amigo, não foi pescado em Vigo.
111 – Carapau franzino? Só para cantar o hino.
112 – Com carapau animado, enrola-te em qualquer lado.
113 – Não vás nas conversas de carapau que só faz promessas.
114 – Carapau enlatado é seguro em qualquer lado.
115 – Foi com um carapau assim, que isto chegou ao fim.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
Lince gordo é lince de acordo.
O título do post não tem nada a ver com a actriz italiana que entrou em dezenas de filmes e foi uma das mais requisitadas pelo cinema italiano e não só, nos seus bons tempos (bons tempos dela e do cinema italiano).
A razão do nome aparecer, virá lá mais para a frente.
Há dias, suponho que num programa de TV, numa conversa entre duas mulheres onde falavam disto e daquilo, mais ou menos sem interesse, ambas concordaram que as mulheres são muito atraídas pelos homens malandros. Que sim, que sabem que não são “grande coisa”, mas têm um charme especial e etc, etc, etc, não ponho mais na carta.
Foi nessa altura que me lembrei da “Alida Valli”, não a atriz, mas uma colega dos últimos anos da faculdade, que batizamos com aquele nome.
Eram cursos “masculinos” (raramente havia raparigas neles) nesses “áureos tempos”, mas no meu tempo havia duas colegas, com quem tínhamos algumas aulas em conjunto, pois havia cadeiras comuns a todas as especialidades.
Eram ambas simpáticas e “engraçadas” e apaparicadas por um regimento de “bons rapazes”. Uma delas usava um penteado que fazia lembrar o da atriz italiana e assim ficou “Alida Valli”, pelo menos até ao fim do curso.
Acabado o curso, cada qual foi à vida (naquele tempo havia vida à nossa espera) e eu acabei por ficar pelo Porto mais dois anos (sim, a próxima cena passa-se no Porto, ainda).
Um dia, ao dobrar uma esquina, com quem deparei eu, muito agarrada ao mais malandro dos tipos que andaram na faculdade naquele tempo, ainda que um ou dois anos atrasado? (E “malandro”, nos vários significados que a palavra pode ter, não excluindo uma certa tendência para a vigarice).
Deixei a interrogação sem resposta, mas já se percebeu que era a “nossa” “Alida Valli”. Confirmado o velho ditado: “Guardado está o bocado…”
Os anos passaram, muitos de nós nunca mais nos vimos entretanto, até que houve uma reunião de curso, exatamente para nos reencontramos e medirmos o aumento das respetivas barrigas e a diminuição da quantidade de cabelo. As saudações, no entanto, são sempre do tipo, “Oh pá, tás porreiro, tás na mesma!”.
Destes encontros faz sempre parte uma jantarada, onde, em geral, todos se fazem acompanhar das “respetivas” e/ou “respetivos” e como por essa altura ainda havia meia dúzia de “desamparados da sorte” (também havia quem dissesse “tipos com muita sorte”), essa meia dúzia ficou na mesma mesa. Entre nós, a enfeitar o ramalhete, a “Alida Valli”, já sem o tal corte de cabelo, mas com muita mais experiência de palco. E como tal, a conversa foi livre e animada, as línguas foram-se soltando e ficamos a saber muito da vida amorosa dela. O tal 1º “malandro”, que teve de pôr de lado passado algum tempo, foi no entanto citado como “tendo Valli(do) a pena”, ao passo que o segundo da lista, bom rapaz é certo, “foi tempo perdido”.
Eis porque eu, ao ouvir a tal conversa, me lembrei da “Alida Valli”. Foi a última vez que a encontrei.
Já a outra colega, quis o destino, que tivesse sido minha vizinha durante muitos e muitos anos, e por isso víamo-nos quase todos os dias.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
E tu, falso lince da Malcata, também és do tipo malandro?
Às vezes leio “notícias” que me deixam a pensar como seria a minha vida se as não tivesse lido. Assim do tipo desta:
“Sabia que mascar pastilha elástica gera energia?” Claro que eu não sabia, estava até mais inclinado a dizer que se perdia energia e estragava os dentes, de maneira que a li. Fulano e Sicrano, engenheiros canadianos, inventaram uma correia especial que ligada ao queixo de alguém que esteja a mascar pastilha elástica gera 18 microwatts de eletricidade num minuto e por aí fora rebeubeu, pardais ao ninho.
Perante uma tal descoberta eu não aguentei mais tempo sentado e reclinei a cadeira, pois reclinado, eu penso muito melhor, chegando mesmo a atingir o nirvana do pensamento, adormecendo. Não foi o caso desta vez. Pensei que se eu tivesse a tal correia (nem precisava de ser muito grande) alimentava a máquina de barbear e ali era mesmo do queixo para o queixo, nem haveria perdas de energia (punha-se é claro o problema de ter de mascar qualquer coisa, mas para início de raciocínio isso nem interessava muito). Também pensei porque raio os dois engenhocas fizeram as experiências com pessoas (deve ter sido com eles) e não com qualquer ruminante, já que estes até a dormir ruminam e portanto dariam energia elétrica pelo menos para o estábulo. Olhei com mais atenção para o teto (ali no canto há uma mancha escura que tem de ser limpa) e pus-me a puxar pela caixa dos pirolitos onde está instalada a memória RAM e senti que qualquer coisa fazia os meus neurónios acelerar. Mascar, ruminantes, pastilhas…raios… nada disto me é estranho. De repente dei um salto, EUREKA foi ele (não, não foi o Arquimedes) é claro que foi ele!
“Ele” foi um senhor que se chamou Bernard Shaw (lembram-se do Pigmalião que veio a “dar” o My Fair Lady?) que “amava” particularmente as mulheres e os americanos e muito especialmente as mulheres americanas, que um dia escreveu: “a diferença entre uma mulher americana a mascar chiclets e uma vaca a ruminar, está no ar inteligente da vaca!”.
Na altura ainda não existiam engenheiros canadianos…
Agora, falando eu mais a sério e sendo um atento observador de mascadoras (sim porque há muitas mais mascadoras que mascadores) vejo cada uma a abrir e a fechar a boca e a mastigar com tão grande amplitude, que bem concorreriam com a EDP na produção de energia elétrica.
E agora que já perdi mais energia que a necessária para escrever este post (pela 2ª vez, pois a 1ª versão deve ter sido mascada pelo PC) termino socorrendo-me outra vez de Bernard Shaw.
Numa festa para a qual teria sido convidado, foi abordado por uma Senhora de bom aspeto (digo eu, pois tudo leva a crer que não era nada de botar fora), muito elegante, muito arranjada, muito sorridente e muito fútil, que terá iniciado uma conversa com ele e às tantas, toda dengosa (os adjetivos são todos meus) terá dito: “Já pensou, Bernard, se nós fossemos casados e tivéssemos filhos, quão distintos eles seriam, com a minha beleza e a sua inteligência?”
E ele, sem deixar bater a bola no chão: “E já pensou minha cara amiga, se tivessem a beleza do pai e a inteligência da mãe?”.
Já não ma(s)ço mais
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
E tu, oh Lince desavergonhado, também abres muito a boca quando mascas?
Já não sei quando perdi a paciência (se calhar a inocência) para ouvir palradores. “Palram pegas e papagaios” sobre tudo e sobre todos. Alguns palram mesmo sobre os palradores, num circuito fechado da palraria. Eles são palradores, palreiros e palrões a debitar pálreas, palrices e palreiras numa palração desenfreada.
E a técnica é sempre a mesma: se tu palras eu palreio, se tu palreias eu então palro.
Chama-se a isto ter direito ao controverso. Se eu “controverso”, tu tens direito (a palrear, já se vê).
Por vezes também há cacarejares, e os carcarejos são os palreios de quem já pôs ovo (entenda-se, já meteu o ovo ao bolso). Estes são os carcarejadores ou carcarejantes, que dizem coisas de cacaracá, mas parecem doutores catedráticos.
E tenho de fugir para longe se quero ouvir uma pura azoina, um crocito, uma trissa, uma grasna, uma zoa, uma berra, um relincho, uma grinfa (que saudades duma grinfa!), uma zangarreia e sei lá que mais…
Uma cucula, uma pissita, uma boa zizia!
Dos uivos, dos assobios, dos pios, até das farfalhas tenho saudades!
E por aí fora um não mais acabar.
Mas estou condenado a só ouvir palrices e palrações por ilustres palradores!
Regouguei sobre política, futebol, culinária, belas artes e malas artes?
Só pililei.
Há muito tempo que não ouço ninguém a falar.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince. E tu, oh Lince, cala-te que também só sabes roncar.