Em pleno verão que nunca te falte o carvão.
Por isso, não havendo tempo para outras coisas, sai mais uma série de provérbios:
66 – Mais vale um carapau escamudo que um cherne barrigudo.
67 – Se o baile não for mau, agarra-te ao carapau.
68 – Carapau que vai a todo o lado, acaba arrastado.
69 – Carapau de águas turvas, está ali para as curvas.
70 – Carapau que tenha sede, arrisca-se a ficar na rede.
71 – Carapau caturra, fala por cima da burra.
72 – Quem carapau não compre, já meias solas não rompe.
73 – Não há luar como o de janeiro, nem carapau como o primeiro.
74 – Não é pela grande escama que o carapau vai para a cama.
75 – Carapau que vê arrastão, entra logo em aflição.
76 – Carapau no fim do mês? Foge dele a sete pés.
77 – Carapau novo e terno, põe-te a vida num inferno.
78 – Carapau velho e bonito? Vai com ele até ao infinito.
79 – Carapau com cara de febre? É comprar gato por lebre.
80 – Carapau que come alpista? É canário arrivista.
81 – Ao carapau são e escorreito, leva-o logo para o leito.
82 – Ao carapau que olha de viés foge dele a sete pés.
83 – Carapau e galinha…são melhores os da vizinha.
84 – Carapau de caldeirada é melhor que levar porrada.
85 – A carapau novo, galinha velha e camarão frito não faças um manguito.
86 – Ao carapau que já foi a Fez podes comê-lo em qualquer mês.
87 – Comer carapau enlatado é grande pecado.
88 – A carapau velho pede conselho.
89 – A carapau voraz não lhe mostres o goraz.
90 – A carapau arrebitado aproveita-o em qualquer lado.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince . - Se és lince da Malcata, mais pareces uma gata.
Ontem ao almoço, enquanto petiscava uma das mil receitas “como fazer bacalhau”, via/ouvia o noticiário da SIC. Na primeira meia hora, tanto foi o tempo que durou a minha batalha com o bacalhau e acompanhantes, essa estação “noticiou”:
1 – Um fulano lá para o Carrazeda de Ansiães esfaqueou duas mulheres, tendo uma delas vindo a falecer. Depois de andar fugido 15 dias, entregou-se à GNR. “Entrevistadas” algumas pessoas da aldeia, “juraram” que o homem era bom moço, uma jóia mesmo. Uma das “declarantes” lavrou logo ali a sentença. Já que tinha de ser preso, uns seis anos chegariam, porque o homem era preciso lá na terra (preciso “para quê” é que não disse nem lhe foi perguntado). Já no noticiário da noite, ao sair do tribunal onde esteve presente, tendo-lhe sido decretado prisão preventiva, foi aplaudido e, inclusivamente, uma “fã” chegou até ele e beijou-o.
2 – Também em prisão preventiva a aguardar julgamento ficou um “extremoso pai”. Parece que maltratava o filho de alguns meses, acabando por o “cozer” com uma panela de água a ferver.
3 – Algures, lá pelo Alentejo, um grupo que estava acampado a fazer não sei o quê, deu uma “carga de porrada” (texto não editado) a uma ronda da GNR.
4- Mais para o sul, no Algarve das férias, 4 fulaninhos mataram um segurança duma discoteca.
5- Algures, num ponto do mapa de Portugal, um filho também ele extremoso foi dizer à polícia que o pai tinha desaparecido. Depois duma busca rápida encontraram-no morto, num laranjal. O filho (o tal que é extremoso, porque não fica bem eu “condená-lo” já com outra designação, pois ainda vai ser julgado) é o principal suspeito.
6 – Em Nenhures de Cima, um pobre homem ficou carbonizado na sua “casa” e há dúvidas sobre se um filho, também adulto, não tenha lá ficado também, havendo fortes suspeitas de crime.
7- Depois deste rol de “notícias” locais, ficaram em 2º lugar as já “habituais”: a Faixa de Gaza, o Iraque, a Síria com a execução do jornalista americano pelos jihadistas e até a “revolta”, que já tem mais de uma semana, numa cidade do Missouri e mais umas tantas que “felizmente” nunca faltam.
Comida a sobremesa, fico a pensar que bem pregou Cristo quando disse “amai-vos uns aos outros”. Só que o deve feito numa língua que ninguém entendeu e alguém traduziu por “matai-vos uns aos outros”. E isso sim, estamos a levar a sério o ensinamento.
Nunca acreditei na universalidade da bondade humana. Sempre achei que o homem é o lobo do homem e o noticiário de hoje deu-me razão, uma vez mais.
Assim continuaremos, para salvar a honra do convento.
Por falar em convento…até o Papa disse a um grupo de jornalistas que daqui a uns três anos também “dá à sola”. Se por se sentir doente ou se por não acreditar que “valha a pena” é que não disse.
Amanhã espero “ansiosamente” por mais noticiários semelhantes.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince, isto enquanto não aparecer por aqui um tipo de Carrazeda de Ansiães, Carregal do Sal, do Cu de Judas ou mesmo de Nenhures, que dê uma facadas no bicho e o deixe desacordado.
Suponho que se imprimem hoje os livros como ontem, independentemente dos avanços técnicos da impressão. Pelo sim pelo não, vou referir-me só aos livros de “ontem”. Cada folha, depois de impressa, era dobrada três vezes sobre si mesma, dando um “caderno” de 8 folhas no livro. Depois os cadernos eram postos por ordem e encadernados ou brochados. Com a capa aplicada estava feito o livro. As folhas impressas estavam separadas por “montes” (tantos montes quantos os livros da edição) e a quando da encadernação era retirada uma folha impressa, de cada “monte”.
Suponhamos então, que por descuido na “montagem” do livro, não era retirada a folha de um “monte” e eram retiradas 2 folhas do “monte” seguinte e que depois de devidamente dobradas eram encadernadas assim. Tínhamos um livro especial, com o mesmo número de folhas dos restantes livros mas com a falta de “um caderno” e com um caderno repetido. Acontece e ainda não há muito tempo me “saiu” na FNAC um livro assim que fui trocar, obviamente.
Agora suponhamos que se compra um livro desses, numa edição já antiga e ao preço da uva mijona (que é uma uva a precisar de usar fraldas) numa feira informal, algures no Portugal mais ou menos profundo. Ficamos com o livro incompleto.
Assim, agarremos por exemplo neste exemplar de “A Estrada do Tabaco” do Erskine Caldwell, edição de mil nove e troca o passo (não está indicada) e se começa a ler. Ficamos curiosos para saber se os Lester acabam por roubar o saco de nabos que o Lov comprou (o Lov era casado com uma filha dos Lester, que tinham “só” dezassete filhos) e se, sim ou não, o Lester pater família o vai ajudar a atar a filha com cordas para a obrigar a deitar-se com o Lov (já que ela se nega a fazê-lo), ou mesmo dar-lhe uma “carga de porrada”. Estava assim no maior “suspense”, quando da página 16 se passa para a página 33. Solta-se um palavrão e verifica-se de seguida, para compensação, que se pode ler o capítulo 3 duas vezes. Esta sensação tive-a há muitos anos, quando comprei o livro e voltei a tê-la hoje quando resolvi relê-lo nem que fosse “à vol d’oiseaux”, porque não sei se os americanos têm uma expressão equivalente. Já não me lembrava deste “pormenor”. Até hoje não sei se rapinaram ou não o saco dos nabos ao pobre Lov, ele mesmo um “nabo”, pelo que se pode concluir, que nunca li completamente o livro.
Há todavia uma vantagem. Não fora eu hoje ter pegado no livro e recomeçar a lê-lo e não sei se não teria de ensinar aqui a melhor maneira de plantar nabos (também se semeiam) para poder publicar o post de hoje.
Abençoada falha técnica do editor.
Para não se perder tudo fica aqui uma informação complementar, com a ajuda do Dr. Google ou um primo, não sei: em 1941 John Ford filmou esta “Tobacco Road” (com os capítulos todos, suponho…).
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
Olá!
Estão todos bem por aí? O Zé, o Chico e a Maria? Os esquilos têm ido às nozes ou ainda estão verdes? E o Boby já foi à vacina antirrábica? Já apanharam o Tobias que matou a mulher à machadada? Vão dando notícias, porque eu por aqui não tenho tempo para isso.
Tem estado um tempo formidável, sem sol, com vento, frio e por vezes chuva, o que é muito bom para a pele.
As pessoas andam todas encasacadas e desejosas que chegue o inverno para poderem andar mais à vontade.
Não tenho tempo para dizer mais nada, vou agora mesmo comprar mais umas camisolas e dois guarda-chuvas, porque o vento partiu as varetas do que eu tinha trazido.
Fiquem todos bem e até ao meu regresso. Logo que o sol apareça eu vou embora.
PS:
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince – o único animal que se dá bem com qualquer tempo. Há que não o grame nem com molho de tomate, mas eu sou amigo dos animais e trato-o a bolachas. Sem ti, meu amigo, eu era um tipo antiquado. Bendito seja o Lince! (esta frase final foi escrita sem eu lhe dar conhecimento, pelo que a responsabilidade é toda minha).