Tenho ouvido, ultimamente, tantas asneiras a tantas pessoas que deviam ter o cuidado de as não dizer, que me pergunto sempre “que interesses defende “este tipo” (“este tipo”, que também pode ser “esta” tipa” é a pessoa que na altura está a falar) para dizer isto? “.
Às asneiras de uns respondem outros com outras asneiras, num concurso para escolher, assim parece, o melhor asneirento do pedaço.
Se “isto” são as elites, está tudo explicado. As elites representam sempre as populações donde são “retiradas”.
Nem vale a pena dizer que isto se aplica a governantes, governados, governadores e aos que se vão governando.
Assim sendo, boa noite ti’Maria, que eu estou noutra.
PS: já repararam na quantidade astronómica de “comentadores políticos” e não só, que povoam as televisões? É pró menino e prá menina…
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
A placa que está junto à Igreja da Misericórdia, entre outras coisas, diz que por ali existiu uma antiga sinagoga. Talvez não por acaso, nas traseiras fica a Travessa da Tipografia, onde existiu a 1ª tipografia “em toda a Hispânia”, que, tudo leva a crer, pertencia a um judeu.
Assim o atesta o documento, em azulejo, que fica exatamente nas traseiras da igreja da Misericórdia, ou seja, na Travessa da Tipografia.
Perto, numa rua perpendicular a esta Travessa fica a conhecida
Casa do Arco, uma solução arquitetónica do Arquiteto Ernesto Korrodi, um homem de origem suiça, mas que sempre viveu em Leiria e deixou o seu nome ligado a diversas intervenções arquitetónicas. Servem de exemplo esta casa, a antiga agência do Banco de Portugal na cidade, que também não fica longe desta zona, e uma intervenção no Castelo, entre muitas outras.
Por isso ao lado da Casa do Arco uma placa, lembra-o.
Ernesto Korrodi (1889-1944). Os arcos que decoram a parte superior desta lápide invocam os “famosos” arcos góticos por si projetados na intervenção no Castelo e que levantaram, na altura, alguma celeuma.
A meia dúzia de metros, entalada entre duas ruelas que desembocam num pequeno largo fica a
Casa dos Pintores, assim chamada por ser a mais pintada (e fotografada) da cidade. Uma placa num dos alçados laterais da Casa, presta esta e outras informações.
É o que diz a placa afixada junto à casa. Ao fundo, lá no alto, avista-se o Castelo e os “famosos” arcos góticos a que me referi atrás (mas que não aparecem nas fotos).
Tudo o que aqui se disse e mostrou (bem como no post anterior) fica numa zona muito limitada e antiga da cidade. Zona muito degradada, com a maior parte dos prédios em ruína, mas que está a ser alvo duma intervenção de restauro.
Aqui ficaram algumas pistas para, numa futura passagem pela velha cidade, atrair a curiosidade de quem gostar destas “curiosidades”.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
Exatamente!
Durante aproximadamente um ano, Eça de Queiroz viveu em Leiria, por ter sido nomeado Administrador da cidade. Na casa que então habitou, numa ruela situada no casco velho da cidade, uma lápide assinala isso mesmo.
A casa fica a meia dúzia de metros da Sé
e junto à Sé ficava a célebre “casa do sineiro” onde Amaro, o padre, e a menina Amélia se encontravam.
No Largo da Sé, quase defronte desta, ficava a “Pharmácia Guarda e Paiva”
onde “pontificava” o “Carlos da Botica” que aparece logo na 1ª página de “O Crime do Padre Amaro”.
“Seu nome era Amaro Vieira” (o do padre, é claro) como diz o “boneco” pintado na parede, a dois passos da Rua Eça de Queiroz e que fica também sobre o Largo da Sé. (Esta rua não é aquela onde viveu o Eça e onde está a placa mostrada no início).
O “Carlos da Botica” nas horas em que não tinha freguesia na farmácia e não tinha nenhuma encomenda de hóstias para fazer, vinha até à porta onde apreciava os movimentos dos senhores cónegos, padres e demais população que passava pelo largo da Sé.
Foi assim, neste seu “descanso ativo” que viu a Amélia dirigir-se com frequência para a “casa do sineiro”, certamente para tocar o sino a rebate (isto já digo eu, maldosamente).
Das personagens do livro a 1ª a aparecer “em campo” é exatamente este “Carlos da Botica” a fazer um comentário ao padre José Miguéis, que o autor mata logo na 2ª linha do romance, com uma apoplexia. Então (dou a palavra ao Eça) “O Carlos da Botica - que o detestava – costumava dizer, sempre que o via sair depois da sesta, com a face afogueada de sangue, muito enfartado:
- Lá vai a jiboia esmoer. Um dia estoura.
Com efeito estourou…”
Foi este padre que o “nosso” Amaro Vieira veio substituir, mas isso já pertence ao livro.
A fachada da “pharmácia” com os seus belos azulejos ainda lá continua, ainda que já não venda xaropes, óleos, hóstias, sanguessugas e tantas outras coisas que faziam o seu negócio. Há muitos e muitos anos que fechou as portas.
E aqui deixei este roteiro queiroziano que qualquer pessoa pode seguir sem grande esforço (fica tudo num raio duns 50 metros) na parte velha da velha cidade.
E fica também a promessa dum segundo itinerário.
E se isto não é “serviço público”, ainda que prestado só a meia dúzia de pessoas e sem a obrigar a pagamento de taxas, vou ali e já venho…
PS (escrito 3 dias depois de publicado o post): Realizou-se ontem à tarde em Leiria um "encontro de rua", organizado não sei por quem, com um roteiro onde se evocavam alguns escritores ligados à cidade ou porque nasceram lá ou nas redondezas ou porque viveram lá, como p. exº Francisco Rodrigues Lobo, Afonso Lopes Vieira, Eça de Queiroz, Miguel Torga e certamente outros. Foi pura coincidência o facto de este post ser sobre uma dessas figuras. Não sabia deste "encontro" e só soube dele depois de realizado. Estou em crer que a influência extraordinária deste blog é que levou a tal intervenção. (E fica desde já declarado que esta última frase é uma brincadeira do autor, não vá alguém pensar outra coisa).
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