- Du vill att jag ska sprida solskyddsmedel?
- Tack. Du är mycket vänliga!
- Jag är bara en makrill på ditt kommando?
- Ja? För alla tjänsten?
- Nej, bara för vissa ärenden. Jag betalade för turism.
- Som Zeze Camarinha?
- Inte alls. Detta arbete eller egenföretagare, hade monterat bank ...
- Ah, det gjorde det inte. ~ Jag berättade för min. En van att de tjänster som redan lämnar mycket att önska.
- Av detta kan jag inte tala. Okej så krämen?
- Ja, ett under. Det var nästan en massage, vill du verkligen.
- Jag är känd som den femte vänstra
- Vad är det?
- Denna? Det är en fena. Varför frågar du?
- För ingenting. Bara nyfiken. Det sägs Bar-ba-ta-na?
- Ja Vill du något annat?
- För nu nej tack. Jag solar.
- Och jag får skugga. Ciao.
Traduzindo: quando se passa muito tempo sem fazer nada, a olhar o azul do céu, a ler e a reler e a tresler, às tantas dá-se atenção às conversas da vizinhança…
Este texto foi escrito de acordo com o acordo ortográfico, como é evidente.
Sonho poucas vezes, mas nestes dias em que ando meio adormecido e de noite não durmo tão profundamente como é habitual, tenho uns sonhos meio malucos de que, em geral, nem me lembro ao acordar. Há dois dias tive este:
Sentados a uma mesa cujo tampo é um tabuleiro, que no sentido norte-sul serve para jogar o xadrez e no sentido este-oeste serve para jogar as damas, estão sentados, no sentido dos ponteiros do relógio, estes personagens:
Deus, o Pílulas, o Outro e Eu. Nunca nos tínhamos visto assim cara a cara, apresentamo-nos, por graça perguntei ao Pílulas se ele era Pílulas Só ou Do Dia Seguinte, gracejei com Deus dizendo-lhe que estava com aspeto jovem, assim com a barba bem aparada e cabelo bem tratado e ao Outro não disse nada porque, como se veio a verificar, era de poucas falas. Em cima da mesa estava um baralho de cartas, que já lá se encontrava, cartas que o Outro logo agarrou e se pôs a baralhar.
- Vamos jogar? – perguntei ao ver os outros a ajeitarem-se nos bancos.
- Por mim… - responderam em coro bem afinado.
Então o Outro deixou de baralhar as cartas e passou a contá-las.
- Trinta e oito só. Faltam duas. – E passado um minuto, acrescentou: - o rei de espadas e a dama de copas.
- Olá! – disse eu. Cheira-me que vamos ter aí um caso. E pisquei um olho para a minha esquerda, mas não fui correspondido.
Procuramos debaixo da mesa, nos bancos e por ali à volta e não apareceram. Estivessem onde estivessem, achamos bem não as incomodar e ficou sem efeito a hipótese de jogarmos a sueca.
- Então resolvi perguntar: - alguém sabe porque se chama jogo da sueca?
Três ignorantes olharam interrogativamente para mim, dizendo dessa maneira que não sabiam, mas estavam prontos a ficar a saber.
- Eu também não sei. Aliás de suecas sei pouco, quase nada. Que me lembre conheci três, que é como quem diz conheci só uma dessas três e mesmo assim, mal.
Como nenhum dos três disse nada, nem estavam para grandes conversas eu achei que tinha de fazer a despesa da conversa e continuei:
- A primeira, era eu um jovem, chamava-se Selma Lagerlof e fiz “A Maravilhosa viagem de Nilson Holgersson através da Suécia”, agarrado à cintura dele que ia aos comandos do ganso. Andava eu no liceu e tive de ler o livro, ou pelo menos parte dele; fez parte da leitura obrigatória em português.
A segunda foi uma senhora chamada Ingrid Bergman e vi-a diversas vezes (ela é que nunca me viu). De vez em quando ainda a revejo em Casablanca onde volta para encontrar o Humphrey Bogart, que não é sueco.
A terceira, foi a única que conheci pessoalmente, era amiga dum amigo meu, estudava literatura portuguesa e um dia apareceu-me com “A casa de Romarigães” do Aquilino, debaixo do braço, tinha as três ou quatro primeiras páginas com mais de metade das palavras sublinhadas e pediu-me para lhe explicar o significado delas. De “pinchalorou” a “casamata” lá fui vendendo o meu peixe.
Olhei para os outros parceiros e viu-os tão interessados na minha conversa (estavam quase a dormir), que resolvi calar-me e mexer-me no banco.
Julgava eu que era no banco, mas era na cama. Estava a sonhar, abri um olho, vi a luz do dia através da persiana mal fechada e levantei-me.
Talvez na praia venha a encontrar mais alguma sueca mas, pelo que tenho visto, só se for em adiantado estado de uso…
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
Em dias assim em que não apetece fazer nada, em que estou desligado de tudo, em que nem um neurónio está ligado, nada melhor que ouvir a conversa na mesa do lado, saborear o jantar e sorrir. Dizem que faz bem.
- Viste a bola ontem?
- Dei-lhe uma vista de olhos. Está lá em cima da mesa.
- Não é essa pá, refiro-me ao jogo.
- É jornal que não leio, é jornal de andrades…
- Nada disso pá, estás a gozar comigo ou não entendeste? Refiro-me à bola, bola, ao jogo, jogo, ontem, o da seleção lá na Ucrânia.
- Ah! Não entendi mesmo…mas claro que não, que não fui à Ucrânia, tive de ir a Odemira…
- Vai passear.
- Também não vou.
- Olha! Vai à…
- Também não vou.
O que perguntava saiu. O que ficou pagou a conta.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.
Malaquias era um cigano que vendia em diversos mercados na região da grande cidade. Todos os dias, bem cedo, deixava o ninho, pegava na carrinha e partia para o mercado, para instalar a tenda para a venda.
Farrusco era um gato preto, vadio, que vivia da comida que almas caridosas espalhavam em certas zonas, para ele e seus irmãos de desdita. A zona em que Farrusco vivia era a mesma em que vivia Malaquias.
Nesse fim de tarde fria de inverno Malaquias chegou da feira, arrumou a carrinha junto à casa e entrou.
Farrusco chegou-se, meteu-se debaixo da carrinha sentiu o calor que vinha de cima e subindo para a zona do motor, aninhou-se debaixo do capot. Sabia que ia ter uma noite descansada, assim protegido do frio e da chuva.
No outro dia, manhã cedo, Malaquias entra na carrinha e põe o motor a trabalhar. Nesse instante ouve uns guinchos lancinantes e um barulho estranho vindo dos lados do motor. Desliga-o e abre o capot da carrinha. O gato Farrusco, apanhado pela ventoinha do radiador, está em petição de miséria. Ensanguentado, mal se mexe e parece estar prestes a entregar a alma (se é que gato tem alma) ao criador.
Malaquias sente desde logo os sete anos de azar que tem pela frente, de acordo com o que sempre ouviu dizer à sua gente. Quem mata um gato preto têm sete anos de azar (isto segundo as opiniões mais otimistas, pois outras auguram tudo de mau para o resto da vida). Malaquias, rapidamente toma uma resolução: embrulha o gato num pano que tem ali à mão e parte a toda a velocidade para uma clínica veterinária, que sabe haver não muito longe dali. Entra espavorido e aos gritos e dirige-se ao veterinário: “ai senhor doutor salve-me este bichinho, por tudo o que tem mais sagrado. Não olhe a despesas, senhor doutor”. O tom era lamuriento e aflito. O médico leva o bicho para a sala de operações e depois de bastante tempo a cortar aqui e a coser ali e a desinfetar acolá, aparece ao cigano e diz-lhe que o que tinha de ser feito, já fora feito, mas que o estado do bichano era desesperado, o melhor era não ter muitas esperanças.
Malaquias volta ao ataque e pede-lhe para fazer os impossíveis para salvar o gato e que não olhasse a despesas que ele pagaria tudo.
Foi para a feira, já atrasado (mas não se podia dar ao luxo de perder um dia de negócio) e à tarde passou pela clínica. O Farrusco ainda vivia mas o veterinário continuou a não lhe dar muitas esperanças. E assim durante uns dias o Farrusco esteve entre a vida e a morte e o Malaquias passava, de manhã e ao fim da tarde para saber notícias. O cigano andava de orelha murcha, o espectro duma vida cheia de azares não o largava.
Com o passar dos dias o gato foi arrebitando e uma bela manhã o doutor disse ao Malaquias que o gato já se podia ir embora, estava são e salvo. Malaquias saltou de contente, abraçou o veterinário e quase lhe beijou as mãos. “Ai meu rico senhor Dr. que me salvou o bichano, que Deus lhe dê tudo o que mais desejar na vida”.
Disse que à tarde passaria para levar o gato e pagar as despesas que houvesse para pagar.
E feliz e contente, como um passarinho que tivesse sido libertado da gaiola, cantou, assobiou, bateu palmas e gritou, a caminho da feira. Ele, Malaquias estava livre da maldição dos sete anos de azar, que tanta preocupação lhe tinha trazido nos últimos dias. Durante o mercado gritou com mais força a qualidade dos seus artigos. Chegou mesmo a fazer descontos que noutro estado de alma não faria. Enfim, estava feliz e recuperou alegria de viver.
E nunca mais passou pela rua onde ficava a Clínica Veterinária. Nem por lá perto.
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.