Quinta-feira, 29 de Dezembro de 2011

Fim de ano

É assim, à vela, que os vejo passar por aqui. Os anos e os acontecimentos. Resolvi desenhá-los…

 

Ontem à tarde um homem das cidades

Falava à porta da estalagem.

Falava comigo também.

 

Falava da justiça e da luta para haver justiça

E dos operários que sofrem,

E do trabalho constante, e dos que têm fome,

E dos ricos que só têm costas para isso.

 

(…)

 

Eu no que estava pensando

Quando o amigo de gente falava…

 

… era em como há muitos anos já não tenho paciência para ouvir os homens das cidades, que falam à porta das estalagens. Nem os que falam, nem os que os ouvem (ou não) enchendo o largo em frente.

 

O que há em mim é sobretudo cansaço –

Não disto ou daquilo,

Nem sequer de tudo ou de nada…

(…)

Para mim é só um grande, um profundo,

(…)

Um supremíssimo cansaço,

Íssimo, íssimo, íssimo

cansaço…

 

O pior (ou o melhor?) da festa é que o ano vai acabar e outro vai começar e vai repetir-se tudo pela enésima vez.

Daí que o cansaço deva ser mais pela repetição, do que propriamente pelo que dizem os homens da cidade.

Portanto, e apesar disto tudo, que o ano nos traga novas esperanças.

 

Bom ano para todos!

 

PS: Este post teve a colaboração forçada de Fernando Pessoa, que “entrou” com extratos de 2 poemas.

 

Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.        

publicado por Carapaucarapau às 19:26
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Quinta-feira, 22 de Dezembro de 2011

Consoada especial

 

 

Tomaram um almoço ligeiro e partiram logo de viagem. O destino ficava longe, lá por detrás das serras, já próximo da fronteira com Espanha e a parte final do percurso, segundo informações que lhes tinham dado, era difícil, feita por maus caminhos. Havia ainda o problema de um deles ter de voltar sozinho para casa. A maior parte do trajeto foi feita em silêncio, cada um mergulhado nos seus pensamentos. A partir de certa altura, o “pendura” começou a tomar apontamentos que serviriam para facilitar o regresso do companheiro. Por fim lá chegaram à aldeia a que rumavam e onde nenhum deles nunca tinha ido. De acordo com as indicações que levavam, atravessaram a rua principal da aldeia, com casas dum e doutro lado e com sinais evidentes que por ali deviam abundar vacas, tal o cheiro que lhes inundou as narinas. O piso da rua também era prova disso mesmo. Depois da última casa andaram mais uns cem metros e pararam o carro junto a um portão que em tempos fora verde. Ele saltou do carro, empurrou ligeiramente o portão, viu um homem que estava no pátio, deu as boas tardes e perguntou:

- É aqui que mora o senhor Alfredo Martins?

- Sou eu mesmo. Que deseja o senhor? – Perguntou com ar desconfiado o homem.

- Venho da parte do senhor Lourenço…

- Ah! – E mudou logo de semblante. – Faça o favor de entrar.

- Vou só ali ao carro buscar o saco e despedir-me do meu amigo.

Assim fez. Entretanto o senhor Martins já tinha chamado a mulher e já tinha dado as suas ordens. Quando o homem voltou com um pequeno saco de viagem, o senhor Martins disse-lhe que era melhor entrar em casa, que começava a ficar frio.

- Eu vou já lá ter consigo. É só acabar de tratar do gado e entro daqui a minutos. A minha mulher indica-lhe o quarto.

O homem entrou na casa humilde, porém asseada, foi até ao quarto que lhe indicaram, pousou o saco e atirou-se para cima da cama, ficando quieto a olhar para o teto. Não queria pensar em nada, já tinha pensado vezes demais, mas não demorou muito tempo deitado. Levantou-se e foi até à cozinha. Sempre estava mais quente, com uma boa fogueira onde aqueciam três panelas de ferro. Disse qualquer coisa à mulher sobre a fogueira, ela disse que com estes dias e sem o fogo não se aguentava e entretanto entrou o senhor Martins.

- Sente-se aí ao lume homem, senão enregela. Já lá estavam os dois filhos do casal, que lhe arranjaram um lugar. O senhor Martins tirou as grossas botas e sentou-se também ao lume num escabelo que ficava do outro lado. Enquanto trocavam umas palavras sobre o tempo, o frio e a chuva, o senhor Martins despejou um pouco de água quente num recipiente de madeira, a mulher chegou-lhe um pouco de água fria para temperar e começou a lavar os pés. O homem assistia à operação com uma certa curiosidade. Depois a mulher deu-lhe uma toalha e ele limpou-os cuidadosamente. De seguida levantou um braço e apanhou, no rebordo da chaminé, uma tesoura de poda e começou a cortar, muito concentrado, as unhas dos dedos dos pés. Terminada a tarefa guardou a tesoura no mesmo sítio e enfiou os pés nuns tamancos de madeira.

Feito isto, voltou-se para o homem e disse:

- Vai ter de se sujeitar ao que temos para comer. Hoje é noite de consoada e é tradição a ceia ser polvo cozido com batatas e couves. Se calhar não gosta…

- Muito obrigado, gosto de tudo, mas nem vou comer grande coisa, o apetite não é muito…

Passada uma hora a mulher tinha a mesa pronta e sentaram-se todos. A mesa ficava ali ao lado da lareira de maneira que o ambiente era agradável. Quando pôs a travessa com o polvo na mesa, polvo ainda inteiro, o senhor Martins agarrou na tesoura de poda com que tinha cortado as unhas e cortou cuidadosamente o polvo em pedaços. O homem ao aperceber-se disso, foi seguindo atentamente a operação e no fim, quando o senhor Martins o convidou a servir-se, retirou o último pedaço a ter sido cortado, considerando que deste modo a tesoura já teria ficado suficientemente limpa. Lá cearam, no fim houve ainda uns fritos que a mulher entretanto fizera e só depois dos filhos se terem ido deitar é que o senhor Martins falou do assunto que trouxera o homem até ali, naquela noite de Natal.

- Amanhã temos de nos levantar bem cedo, mas durma descansado que eu acordo-o, ainda temos uns quatro quilómetros para andar a pé pelos campo, mas como é dia de Natal não vai haver problema. Os guardas não vão andar por aqui. Depois, na aldeia do outro lado, o senhor toma a camioneta da carreira que o levará à cidade onde vai tomar o comboio. Esteja calmo que vai correr tudo bem.

Pouco depois despediram-se e foram deitar-se. O homem só tirou os sapatos, deitou-se vestido entre os cobertores e foi dormitando até que o senhor Martins o chamou. Estava na hora de deitar pés ao caminho.

Despediram-se no tal “pueblo” espanhol quando a camioneta chegou e o homem entrou nela.

 

                       ***

Quinze anos depois, tal foi o tempo que o homem esteve “lá por fora”, dois dias antes do Natal, foi à tal aldeia visitar o senhor Martins. Mal parou o carro em frente ao velho portão, que estava semiaberto, apareceu o senhor Martins. O homem apresentou-se, dizendo: “faz amanhã quinze anos que aqui vim consoar com o senhor, lembra-se?”.

- Sim, agora estou a reconhecê-lo.

- Vim cumprimentá-lo e agradecer o que então fez por mim. Por motivos de segurança nunca lhe escrevi e portanto tinha de voltar cá. Aproveito para lhe dar uma prenda – e retirou da mala do carro um bacalhau inteiro, um embrulho com dois polvos e umas garrafas de vinho

Tenho também aqui umas lembranças para os seus dois filhos, que sei que estão uns homens e que estão a trabalhar no Porto.

- É verdade sim senhor, eu quando ouvi o carro até julguei que fossem eles. Estava aqui à espera, pois devem estar mesmo a chegar. Quanto às prendas só as aceito se o senhor aceitar almoçar connosco. A minha mulher está ali a fazer um cozido e o senhor não se vai negar.

- Ai não, não. E olhe que hoje o meu apetite é muito maior do era há quinze anos atrás, naquela minha aventura. Depois conto-lhe algumas peripécias e de como estive quase a ser apanhado pela guarda civil. Mas isso fica para depois do almoço, quando estivermos já bem comidos e bebidos. – E soltou uma gargalhada, acompanhada pela do senhor Martins.

Pouco depois chegaram os filhos do senhor Martins, agora já homens, e sentaram-se todos à mesa, para o almoço. Do lugar onde estava, o homem reparou que a tesoura de poda continuava no mesmo sítio…

 

Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.        

publicado por Carapaucarapau às 12:41
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Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2011

Lista de compras

         

 Inspirado num do Picasso, aqui fica o “meu” galo para cantar à meia noite

                                 

 

Bacalhau, batatas, couves, azeite, alhos, farinha, fósforos, açúcar, canela, azeite já está na lista ali atrás, mel, vinho, um par de calças verdes de bombazina, e uns pares de peúgas, outro par de calças mas bege, um livro, dois livros, 3 livros, dá seis livros, mais um para o que der e vier, chocolates sortidos, tabletes, bombons, 4 mon chéri depois logo se vê, água das pedras, dois pares de calças corta que já está, lâminas, desodorizante, comprei há dias mas não sei dele, polvo, polvo não, este ano não, cabrito, só encomendar que não é para agora, pinhões, passas, amêndoas nozes, nozes não que ainda há, bolo rei, bolo rei não que vai secar, bolos, doces, corta que alguém vai trazer, papel para embrulhar, fita cola, cola sem fita, pensos rápidos, ah! fermento de padeiro, não esquecer,  etiquetas autocolantes, 1 garrafão de água, dois e 4 garrafas, vinho, vinho já está mas convém pôr de novo para não esquecer, queijo da serra, rebuçados para a tosse, chá preto, chá de ervas, açúcar, açúcar já está, uns ferrero roché, não, não é preciso já estão os mon chéri para qualquer falha, palha de aço, panos de cozinha, rolos de papel de cozinha, papel higiénico, papel não é preciso há ainda muito, sabonetes, desodorizantes para a casa de banho, uma chave de parafusos, parafusos, não, não são precisos, pão, broa para o bacalhau, bacalhau, bacalhau já está é logo o 1º da lista, acendedor elétrico, corta os fósforos, champanhe, agora não, fica para depois, vinho, (mais?), 3 caixas de plástico para levarem os restos, nunca voltam, mais um livro de contos curtos, que mais? Ah! uma faca de serrilha, um passador, cápsulas da Nexpresso, uma Hellow Kitty, tás maluca nem pensar, cromos, mais cromos ainda (?), pastilhas para a máquina da louça, pastilhas para a tosse, corta as pastilhas ou os rebuçados que estão aí atrás não são precisas as duas coisas, uns chinelos, já não tenho mais papel, escreve nas costas, deixa agora isso, vamos almoçar depois continuamos…

 

Ao jantar: "estive a pensar e acho que o melhor é mesmo aceitarmos o convite do teu irmão e irmos passar lá o Natal…"

 

Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.        

publicado por Carapaucarapau às 21:45
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Quinta-feira, 8 de Dezembro de 2011

Parábola

 

 Desenho original feito no paint para ilustrar este post.

 

 

Agora sim, iam começar a poder ter uma vida a sério. Bem podiam dizer que até aquela altura tinham vivido na margem da vida, no patamar inferior da miséria. Porém tudo ia mudar. Tinham um bom pedaço de terra para trabalhar e dela colher os frutos que os sustentariam, tinham braços fortes e suficientes para arrotear a terra e tinham, finalmente e graças à ajuda da “organização”, os sacos de milho suficientes para poderem semear todo o pedaço, que não era tão pequeno como isso.

Foi então que ele se virou para a mulher e disse: vamos comemorar. Retiramos umas mãos cheias do milho do que aqui temos, vamos moê-lo e fazemos uma refeição como nunca fizemos. Entretanto eu vou à tasca e troco outras mãos cheias de milho por uma garrafa de vinho. Uns grãos a menos na sementeira nem se notam. Basta que a façamos um tudo nada mais rala.

E assim foi. E assim saciaram a fome como há muito não faziam e assim beberam de modo a ficarem bêbados.

No dia seguinte, dia em que começariam a sementeira, a disposição não era a melhor, adiaram por mais um dia e repetiram a dose do dia anterior. E foi assim até à consumação do milho que era para semear.

Estavam outra vez na miséria, donde aliás não tinham saído nunca, mas agora mais pobres ainda, pois tinham queimado a última hipótese de sobrevivência. A “organização” retirar-lhe-ia a terra e não voltaria a dar-lhes outra oportunidade.

 

Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.         

publicado por Carapaucarapau às 13:56
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Quinta-feira, 1 de Dezembro de 2011

Conversa vadia com o Fado

      

 

 Este é “ O Fado” do José Malhoa. (O nosso

 ainda é mais triste)

 

 

- Olá! Parabéns! Dá cá um abraço.

- Olá! Obrigado. Por onde tens andado que já não te via por aqui há tanto tempo?

- Sabes como é, a vida puxa-nos para um lado e para o outro e depois o tempo não chega para tudo. Mas hoje tinha de vir dar-te um abraço.

- Mas estás com cara de gozo, não?

- Quem te disse? Estou a sorrir, contente por saber que estás tu contente.

- Seja. Mas se bem te conheço…

- Mas tu não me conheces bem. Conheces-me simplesmente e isso tem bastado. De qualquer maneira agora és Património Imaterial da Humanidade! Não é qualquer treta. Agora és um gajo importante, caraças!

- Se sou ainda não notei nada…

- Estas coisas não se notam logo. Com o tempo vais ver como inchas…

- Já começas a gozar?

- Não estou a gozar, mas em boa verdade, para quem te conheceu como eu, mudaste muito. Património… quer dizer, agora que és universal, és cada vez menos nosso.

- Deixa-te disso. Sou sempre o mesmo.

- Pode ser que julgues que és, mas não serás. Agora já anda gente importante de braço dado contigo…

- Sempre andou…

- Sempre? Ora diz lá isso sem te rires.

- Sabes bem que nos palácios…

- Deixa-te disso. Essa história é velha e carcomida, os fidalgotes que te trauteavam estavam mais interessados noutras coisas. Tu eras só o pretexto. Sabes bem disso.

- Não era bem assim, mas hoje não quero discussões contigo. Vamos ali beber um copo.

- E pago eu como de costume… Estava aqui a lembrar-me duma coisa. Tu agora podias…

- Não me arranjes problemas que eu não posso nada.

- Podes. Agora que entraste na alta roda internacional podias patrocinar uma campanha para também tentar levar o nosso défice a Património Imaterial da Humanidade.

- Logo vi que estavas a gozar desde o princípio.

- Já te disse que contigo não gozo. Já brinquei muito por causa de ti, tu sabes bem isso, fomos compinchas durante uns tempos, mas agora não estou a gozar contigo. Mas pensa bem nesta ideia que te dei sobre a nossa dívida. Ou, para ficar mais “afadistado”, sobre o nosso buraco. Repara o que seria: “o buraco de Portugal passou a ser considerado “Património Imaterial da Humanidade!” Já viste a potencialidade da coisa?

Na medida em que passaria a pertencer à Humanidade, deixaria de ser um problema para nós. “Iam vir charters de pessoas”, como disse o outro, para apreciar o nosso buraco, tirar fotografias ao pé do buraco (um passo em frente e seria o fim), talvez até levarem um bocadinho do buraco (repara que sempre que se retira um bocadinho a um buraco ele fica maior e portanto o Património da Humanidade estava sempre a subir…

- Pronto! Já estás a delirar.

- Qual delírio qual careca! Estou só a explanar as minhas ideias para ver como ainda podemos vir a ser grandes. Enormes e sempre a crescer. Por enquanto no buraco só cabemos nós, mas qualquer dia caberia (caberá?) lá toda a humanidade. Era fixe pá, digo-to eu.

- Bem, vou ter de te deixar, tenho uma entrevista aprazada para daqui a uns minutos. Uma jornalista do Burkina Fasso quer…

- É pá! Agora já andas com estrangeiras e tudo. E dizias tu que eras sempre o mesmo… Vai lá então, agora já não te consigo prender, vai em tom de Fado Corrido para não chegares atrasado, mas fala lá com ela naquela minha ideia do buraco… e se ela não perceber bem, ao menos tenta vender-lhe o Carapau de Escabeche a Património “Material” da Humanidade…

 

Creio que ele já não ouviu estas últimas palavras. É sempre assim: a vaidade sobe depressa à cabeça das pessoas.

Agora, para aproveitar a embalagem, vou ali compor o “Triste fado do buraco donde nunca saímos”. Com música do fado Mouraria.

 

Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.        

publicado por Carapaucarapau às 17:44
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