(Acrópole de Atenas)
δημοκρατία
Esta palavra é grega quer dizer “democracia”, significa o “governo do povo” e é portanto o exercício do poder pelo povo.
As democracias tais como as conhecemos são isso? A resposta é: não. Desde logo a democracia directa (aquela em que os assuntos são debatidos pelo povo) não existe, e a chamada democracia indirecta (aquela em que o povo escolhe os seus representantes, que o governarão) é já uma maneira muito diluída do “poder pelo povo”. O “povo” limita-se a meter uns papéis numas urnas** de vez em quando, e a maioria fica convencida que teve uma voz activa. A verdade, porém, é que se limitou a meter umas cruzinhas à frente duns nomes pré-escolhidos e para cuja escolha não foi tido nem achado.
Daqui resulta um parlamento “escolhido” pelo povo (democracia parlamentar) ou um presidente responsável pela governação (democracia presidencial).
Em Portugal a democracia é parlamentar ou melhor, semi-parlamentar, porque também há um presidente escolhido directamente pelo povo. Desde logo isto é um contra-senso, ainda que os “políticos iluminados” (em Portugal são todos…) digam que é óptimo, pois funciona como um sistema de contrapesos.
Dantes, nos talhos, o contrapeso era um osso que os talhantes punham na balança à maneira de “brinde”. Na maior parte dos casos, assim como não quer a coisa, era vendido como carne. Este contrapeso na democracia portuguesa faz-me lembrar esse osso. (A pesar de tudo, quando o osso era de qualidade sempre ajudava a “engrossar” o caldo).
Mas toda esta conversa, mais palavra menos palavra (exceptuando a história do osso) vem nas enciclopédias ou noutros sítios onde se possa colher informação.
O que me leva a falar sobre a democracia é outra coisa. Churchil dizia que a “democracia é o pior sistema político que se conhece, à excepção de todos os outros”.
De facto, quando um qualquer “político” consegue que o Zé Cachucho (que é um bronco, inculto, bêbado profissional que nem a qualidade do que bebe sabe avaliar), ponha a cruzinha em determinado quadrado, porque lhe paga (ou promete pagar) um copo de tinto, e quando a Maria Corvina (que sabe analisar as coisas e que faz juízos sobre as situações e as pessoas, numa palavra, que está informada) não põe a sua cruz no mesmo quadradinho, o que acontece?
A resposta é evidente: o copo de vinho anula a informação. Quando os bêbados são mais que as Marias Corvinas, o destino está traçado e isto tudo no mais rigoroso respeito pelas “regras democráticas”…
Daí que foi uma pena os gregos (os da Grécia antiga, entenda-se) não terem inventado antes a palavra filhaputice para designar este sistema.
Para facilitar a vida a quem ler isto, a tradução é mesmo “filhaputice”, mas entenda-se que a palavra se aplica a quem dá ou promete dar (e sempre sem que pague do seu bolso) o tal copo de vinho e não ao bêbado que o bebe (ou espera beber) e muito menos às Marias Corvinas, que ainda se esforçam para que isto não seja assim.
Mas não há volta a dar-lhe. A democracia é isto e os outros sistemas políticos conhecidos e experimentados, são ainda piores.
Por isso aqui na caverna não entram urnas. **
** Não deixa de ser curioso, e ao mesmo tempo significativo, que aos recipientes onde se colocam os votos se chamem urnas. De facto de uma urna não sairá nunca nada que se aproveite.
PS:
Para que alguma coisa se aproveite neste post, fica aqui esta referência: mesmo na democracia de Atenas, a democracia era muito “à la grega”, pois só os cidadãos atenienses, isto é, cidadãos do sexo masculino, filhos e netos de atenienses, tinham direito de voto. Assim, as mulheres, escravos e metecos (estrangeiros autorizados a viver em Atenas) não tinham voz na matéria, conforme pode ver, por exemplo, aqui.
Hoje, dia 23 de Abril é:
1- Dia mundial do livro e dos direitos de autor
2- Dia mundial do escutismo
3- Dia nacional da educação de surdos
1- O Carapau, desde muito jaquinzinho, foi dado a leituras e esse vício ficou-lhe pela vida fora. Como consequência disso, também já se meteu em aventuras ditas “literárias”, tendo para o efeito desafiado nuns casos, e sendo desafiado noutros, algumas pessoas.
Obra publicada quase nula, direitos de autor nicles.
2- Quanto ao escutismo, a coisa vai de mal a pior. Nunca fui “sócio nem simpatizante” (também não tenho nada contra), ainda que tenha uma “alma boa e um coração de ouro”. Já por diversas vezes ajudei velhinhas a atravessar a rua (veja-se a gravura com o Carapau mascarado, num Carnaval, a ajudar uma velhinha) mesmo quando elas não queriam, mas confesso que sempre fui mais de ajudar as mais novas…
De qualquer maneira, se desse um nó por cada boa acção que faço, já não tinha corda para tantos nós. (Aqui abro um parêntesis para poder rir mais à vontade, fora das vistas do respeitável público).
O escutismo ( há quem diga que também pode ser escotismo) foi fundado em 1907 por Robert Baden-Powell, e como toda a gente sabe, é um movimento a nível mundial. Já o Carapau foi criado mais tarde e desenvolve uns movimentos à custa das barbatanas, e só a nível local. É aliás a única diferença. Tanto um como o outro, isto é, o escutismo e o Carapau destinam-se a jovens de todas as idades.
3- Quanto ao dia nacional da educação de surdos, tenho a dizer que acho pouco. A educação de surdos devia ser durante todos os dias do ano, e ainda seria pouco num país em que todos são surdos, pois ninguém ouve ninguém. E para este tipo de surdez não há aparelhos sonatone que resolvam o problema. Quanto mais gritamos, menos ouvimos.
Para terminar, direi que a vida está boa, mas para os surdos que são ou foram escuteiros, que escrevem livros e recebem direitos de autor. (Também há quem não escreva livros e não tenha sido escuteiro e receba direitos por caminhos tortos, sendo surdo para todas as perguntas que lhe fazem).
Neografismo:
Hoje temos dois tipos de faróis para nos iluminar o caminho…
fArol ou farol
(Este senhor é um tal Zé do Telhado e nem sei como veio aqui parar)
É verdade! O Zé Gorgulho anda à rasca por causa do agora tão discutido "enriquecimento ilícito".
Hoje, ainda o sol não tinha nascido já ele me campainhava à porta da caverna (maneira de dizer, que a caverna não tem porta) aflito como nunca o vi.
- Oh Carapau, tu já viste isto?
- Isto o quê? – perguntei ainda a esfregar os olhos.- Acende a lamparina para eu ver se vejo alguma coisa.
- Isto é isto…esta coisa de que agora andam a falar…do enriquecimento ilícito.
- E desde quando isso te preocupa?
- Desde que ouvi falar no assunto.
- Mas tu és rico, ou andas por aí a enriquecer sem a gente saber?
- Nada disso, sabes bem que sou ainda mais teso que um carapau.
- Isso é piada?
- Sabes que não, é só uma maneira de falar.
- Então desembucha lá essas preocupações.
- O caso é este: tu sabes muito bem que o meu negócio não dá para tirar o pé na lama…
- Há pior.
- Não comeces… sabes que trabalho que nem um cão…
- Nunca vi nenhum cão a trabalhar.
- Mau.
- Mau? Tu já viste?
- Maneira de dizer, pá. Agora já não se pode falar contigo?
- Tanto pode que estou aqui a dar-te corda. E olha que me acordaste. Explica lá tudo.
- Eu tento mas tu cortas-me o pio.
- Está bem. Pia lá então.
- Como sabes trabalho como um galego.
- Assim está melhor, mas tem de ser um galego dos outros tempos, que os de agora…
- Tenho o meu negociozito de vender uns copos de tinto e pouco mais.
- “Pouco mais”… também não precisas de exagerar… Tens aquele negócio dos “poses”…
- Pois. Mas dito assim até parece que é ilícito…
- E não é? Oh Gorgulho amigo, então tu vendes essa gaita às escondidas…
- Tu sabes bem a razão. Vendo meia dúzia de pacotes por mês para desinfectar as batatas e pouco mais, e para ser legal tinha de ter um técnico especializado e formado para os poder vender ao balcão.
- Com os copos de tinto podiam ser explosivos.
- Porra! Não se pode falar contigo…
- Fala à vontade. Afinal ainda não percebi as tuas preocupações.
- Estás cada vez mais burro.
- Isso é verdade. Só me falta zurrar.
- Com o tempo vais aprender…
- Então?
- Então estou lixado. Se esta coisa vai para a frente…
- Que coisa vai para a frente? Não é sempre a mesma coisa? Ou há alguma novidade?
- Esta coisa do enriquecimento ilícito…
- Ah!
- Já viste que se eu não souber explicar donde me vêm os tostões…
- Os cêntimos…
- Ou isso… vão-me sacar 60% do meu?
- Antes do teu que do meu.
- Põe-te a pau que talvez também vás enrolado na onda.
- Esquece, não te preocupes com isso. Deixa passar mais um tempito e vais ver a malta toda a “empobrecer licitamente”. Que horas são?
- Seis e meia.
- Chiça! Vai chatear outro e deixa-me dormir.
Agora que já estamos a meio da tarde, que já despertei completamente, que já passei os olhos pelos jornais e que já percebi qual é o problema do Zé Gorgulho, tenho de lhe dizer para não se incomodar que isto é a brotoeja que dá uns tempos antes das eleições. Depois passa. Até porque se não passasse, a malta “ilícita” passava a não pôr o cacau no banco (aqui para nós, como as coisas estão, ainda era mais seguro), ou a dividi-lo em tranches em nome de beltrano e sicrano e fulano e… e o melhor é deixarem-se de merdas e não atirarem com a poeira para os olhos dos carapaus, que isso sim, a poeira faz um mal do caraças.
Teria sido ilícita aquela história do…do…do…atchim, atchim, santinho, já me constipei, não, não é nada é só o efeito da poeira…
Alergia pura.
e s t i c a d o
capad
º º
À caixa do correio do Carapau vem desaguar tudo o que é informação e desinformação. São extractos de contas nos off-shore espalhados por esse mundo fora (…), empresas especializadas em caixilharia de alumínio (às dezenas, nem sei onde há tanto alumínio), pintores às dúzias a oferecer os préstimos dos seus pincéis, empresas de telecomunicações que são ainda mais que as do alumínio (nem sei onde estão escondidas, que nunca as vi “por aí”), receitas miraculosas para a queda do cabelo, e pedidos de liquidação de facturas (estes então excedem todos os outros já mencionados, mas eu não lhes ligo…). Não há nada, mas mesmo nada, que não venha cá parar. O Carapau, inventivo, tem uma rampa que permite fazer escorregar directamente para o caixote do lixo (é o principio das caixas comunicantes), toda esta “informação” que o tornaria imensamente feliz, se lhes prestasse alguma atenção (exceptuam-se as facturas, obviamente, que essas só trariam infelicidade…).
Mas, para além das declarações de amor que o Fisco também manda de vez em quando (O Fisco e outros parentes do Fisco… e ainda dizem que não há geração espontânea…), que não convém deitar para a rampa de lançamento, cá por coisas que eu sei mas não digo, há um outro tipo de “correspondência” que eu leio religiosamente. São uns pequenos cartões (só pelo tamanho já merecem atenção, pois poupam imenso as florestas…) dos Videntes & Cª.
Assim em três dias seguidos saíram-me outros tantos cartões destes.
No 1º dia saiu-me na rifa este do Professor Kakaduku – astrólogo e um grande médium vidente, segundo apregoa. Para além da morada e dos números de telefones das diversas redes (o que mostra a consideração que o Prof. tem pelas possíveis vítimas, perdão, clientes), naqueles 70 centímetros quadrados o Mestre Professor expõe a sua imensa sabedoria e os dons que lhe permitem tratar de tantos e tão variados assuntos.
Para começo e para que não haja dúvida o Mestre informa que é dotado de “Dom Herditário” (sic), o que põe logo a clientela em sentido. Depois reza assim o papelinho:
“Especialista de todos os trabalhos ocultos. Resultados rápidos e garantidos. Resolve todos os problemas mesmo os casos mais complicados: amor, negócio, casamento, impotência sexual, depressão (repare-se na sequência da enumeração, o que prova que o Mestre não é nada parvo…), doenças espirituais, sorte ao jogo, protecção, retomo (sic) imediato e definitivo de quem amar, harmonia matrimonial e fidelidade absoluta entre esposos”.
“Se quiser prender (sic) uma vida nova e pôr fim a tudo o que o preocupa”, contacte o Mestre, que ele tratará do seu problema.
E não é de qualquer maneira. O Mestre “trata tudo com rapidez (coisa que os tribunais não são capazes de fazer), honestidade (coisa que vários coisos não sabem fazer…) e eficácia” (coisa que a administração pública e afins não sabem e não querem fazer. E aqui podíamos meter muita mais gente. Aqui, ali atrás e acolá mais à frente…).
O Mestre está sempre de plantão, sete dias por semana, das 9h às 22h (o que nem todas as urgências conseguem) e trata os assuntos pessoalmente ou por carta, com este pormenor importante que nem o Fisco (já aqui citado pela segunda vez) faz. O pagamento só é feito depois do resultado. Preto no branco (sem segundas intenções) é o que afirma o papelinho e é portanto uma garantia do Mestre.
E mais não cabe no pequeno rectângulo de papel.
Ou melhor, até caberia pois o verso do papelinho está mais branco que a alma do Professor (esta comparação é da minha lavra e não a posso provar, uma vez que só vi o papel. Portanto chamo a atenção para o facto dela poder ser incorrecta. E isto aqui não é recanto para incorrecções. Quem as quiser ler vá ao Diário da República…).
Dizia eu que o Mestre podia aproveitar o verso do papel e de várias maneiras possíveis: ou oferecia um calendário, indicando por exemplo os dias mais propícios para determinados “negócios”, ou então oferecendo uma ou duas receitas de culinária, ou os horários dos comboios, ou umas anedotas, ou umas rezas para elevar o astral (mas acho que estas estão no rol das pagas), ou ainda, alargando o campo das suas competências, por exemplo assim: (e isto é uma borla minha ao Professor, na esperança que um dia me faça um desconto numa futura consulta):
“ Além do que ficou dito no outro lado deste cartão, também dou palpites para o euromilhões, totoloto e lotaria. Em casos especiais e a pedido, posso mesmo ajudar a preencher um ou outro boletim. Também dou aconselhamento na compra de sapatos e botas e na compra de roupa interior para senhoras (neste caso vou a casa das clientes a qualquer hora, fora do horário de trabalho, para tirar medidas). Deito cartas e ajudo a deitar crianças e aconselho a nunca deitar nenhuma oportunidade fora, que os tempos não vão para isso. Corto cabelos e faço penteados punk. Ensino a fazer pipocas”.
E muito mais não podia dizer o Mestre Professor porque entretanto acabava o espaço disponível no papel.
No 2º dia aparece-me no correio outro cartãozinho semelhante ao do Professor, garantindo tratamento para “problemas sentimentais, casamento destruído, económicos ou dívidas, espirituais, depressão, vitima de bruxaria, inveja ou pragas, desmaios ou ataques, doenças, maldição hereditária ou qualquer outro tipo de problema”. E na margem esquerda do papel, de cima a baixo, a palavra GRÁTIS!
Não sei bem o motivo mas cheirei o papel e havia ali qualquer coisa a insinuar dízimos ou assim…
Quer isto dizer que a concorrência está brava, mas ainda assim vou pelo Mestre Kakaduku, porque estas coisas de borla, cheiram-me a esturro.
No 3º dia havia um cartão igualzinho ao 1º, mas de cor diferente, o endereço e o nome também diferentes (este agora é do Prof. Bimboduku), mas a conversa é igualzinha à do Mestre, sem tirar nem pôr, com os mesmos erros e tudo.
Mas tem mais: até o horário de atendimento é o mesmo nos mesmos dias da semana.
Como é que o homem pode estar em dois sítios ao mesmo tempo? É certamente outro dom do Mestre: a ubiquidade. Num dia está o Grande Médium Vidente num local e o Grande Vigarista no outro, e no dia seguinte trocam.
O gajo (com perdão pela palavra) é mesmo um Mestre…
Hoje é o Dia Mundial da Saúde.
Por esse motivo apresento na foto uma maneira de preservar a saúde: “fechando” o corpo à doença.
Este método que aqui fica é simples, barato, eficaz e não necessita de receita médica. Estando todos os poros fechados a doença não entra.É certo que as molas não têm comparticipação do Estado, mas atendendo ao estado a que tudo chegou o melhor é mesmo ser auto-suficiente. Depois, se não tiver molas em quantidade é sempre possível pedir umas emprestadas à vizinha, ou, em último recurso, assaltar os estendais de roupa…
O que é preciso é que a doença não entre. Mas se apesar de tudo ela entrar (pode sempre ficar algum buraco por tapar...) então convém retirar as molas, para ela poder sair mais à vontade. Sempre dentro daquele princípio que tudo o que entra há-de sair…
Comemoremos portanto este dia mundial da saúde com alegria, mas também com os devidos cuidados, pois “com a saúde não se brinca” e “pela tua rica saúde” não lhe “vás tratar da saúde”, que o tipo “tem saúde para dar e vender”, pois como sabes ele “sangra-se em saúde”.
Assim sendo, então “à nossa saúde” por muitos e bons!
Saúde para todos!
Nota prévia: Atendendo à data, até pode parecer que esta entrevista é uma mentira. Nada disso. O que pode acontecer é que daqui se entreviste a mentira. Entrevista dada à Revista Mare Nostrum (ou “Um modelo de entrevista”) Mare Nostrum: - Nesta entrevista vamos debater o problema da degradação dos mares. CarapauCarapau: - Vamos a isso. MN: - Simpatiza com as ideias ecologistas? CC: - Quem? Eu? MN: - Não vejo aqui mais ninguém… CC: - Eu vejo-o a si… MN: - Mas a pergunta era para si… CC: - Isso é outra coisa. Se a pergunta era para mim eu vou tentar responder… MN: - Muito bem. CC: - Muito bem porquê? Eu ainda não disse nada. MN: - Sim mas…eu queria dizer que enfim…. CC: - Mas afinal quem fala? Sou eu ou o senhor jornalista? MN: - Por quem Carapau… CC: - Por quem sou? Que tem o senhor com isso? Está a querer devassar a minha privacidade. Eu não admito… MN: - Desculpe mas há aqui um malentendido… CC: - Aqui onde? Não vejo… MN: - A entrevista está a decorrer mal. Vamos recomeçar. CC: - Recomeçar como? Ainda nem começou. Eu já disse alguma coisa? MN: - Não de facto não disse. CC: - Então se não disse como vamos recomeçar? O senhor está a levantar um problema no qual eu nunca tinha pensado. Recomeçar sem ter começado. Lembro-me que aqui há muitos anos me aconteceu uma coisa… MN: - Desculpe interrompê-lo mas gostava que o Carapau se cingisse ao tema da minha pergunta. CC: - Qual pergunta? O senhor jornalista já fez alguma pergunta? MN: - Em boa verdade já não me lembro se fiz ou se penso que fiz. CC: - Tem de ter cuidado consigo. O senhor tomou óleo de fígado de bacalhau quando era criança? MN: - Tenho uma vaga ideia que sim. CC: - E gostava? MN: - Acho que não, já não me lembro bem. CC: - Nem bem nem mal, concorde. MN: - Concordo. Não me lembro mesmo de nada. CC: - Assim está melhor. Que lhe parece esta entrevista? MN: - Muito boa e muito proveitosa. CC: - Proveitosa? MN: - Proveitosa sim. Vai fazer um sucesso. CC: - Não admira. O senhor é um excelente jornalista. MN: - Obrigado. Foi um prazer e uma honra entrevistá-lo. Dou por terminada a entrevista. CC: - Dá por terminada? E aquele assunto? MN: - Que assunto? CC: - Que assunto? O da minha prima. MN: - Ah! Esse. CC: - Porquê? Havia outro? Como vamos resolver isso? MN: - Não sei. Tenho de falar com o meu director. CC: - Não me diga que nunca falou com ele? MN: - Já. Mas esse assunto terá de ficar para uma futura entrevista. CC: - Futura? MN: - Sim. O assunto da sua prima é um assunto muito vibrante e requer alguns cuidados. CC: - Vibrante? Cuidados? Mas que cuidados? MN: - O Carapau sabe que estas coisas… CC: - Eu sei? Coisas? Que coisas? MN: - O assunto desta entrevista, que foi tratado duma maneira superior pelo Carapau. CC: - Ah!...isso é outra conversa…já estamos quase a entendermo-nos. Neografismo
A partir de hoje, e sempre que o vento esteja de feição, o Carapau vai apresentar as suas propostas de como escrever certas palavras. Começamos com estes óculos.
/óculos/