Entrevista dada pelo Carapau Carapau à “Revista de Economia”
Revista de Economia: - Obrigado desde já por ter consentido em nos receber para esta entrevista.
Carapau Carapau: - Não tinha alternativa. Os senhores entraram por aqui dentro sem bater…
RE: - O Carapau vai-nos desculpar mas não vimos porta nem campainha e vimos, isso sim, uma tabuleta a dizer “Entra se vieres por bem”…
CC: - Não esperava jornalistas. Esse convite era para outras personagens.
RE: - Mas nós também vimos por bem…
CC: - Não digo que não mas não os esperava e em geral só dou entrevistas marcadas previamente…
RE: - Mas nós…
CC: - Economizemos na conversa e diga lá ao que vem.
RE: - A Economia é a nossa área...
CC: - Não parece…
RE: - Mas é…
CC: - Então prove.
RE: - O quê? A cerveja ou uma navalheira?
CC: - Que é especialista em Economia.
RE: - Então nada de navalheiras e cerveja?
CC: - Isso…veremos mais lá para a frente…
RE: - Gostaríamos de ouvir a sua opinião sobre a paralisação dos barcos e dos camiões por causa desta crise dos combustíveis…
CC: - Crise? Há crise? Nunca ouvi falar nisso. Parece que petróleo é o que não falta. Ainda a semana passada fui comprar meio litro para o meu candeeiro a petróleo e não tive qualquer problema no abastecimento.
RE: - Crise provocada pela alta dos preços é o queria dizer…
CC: - Mas não disse…
RE: - Foi uma maneira simplista de falar.
CC: - Mas o senhor é um especialista em economia ou em simplicidade?
RE: - Em Economia é claro. Qual a sua opinião sobre as paralisações?
CC: - A melhor possível.
RE: - E posso saber a razão?
CC: - Claro que pode. Não é para isso que aqui está?
RE: - É.
CC: - Agora sim, o senhor foi mesmo económico… A razão é simples. Sem barcos a pescar passei uns dias óptimos, passeei por todo o lado à vontade, fiz uns piqueniques com umas navalheiras, dormi ao ar livre, perdão, à água livre, fui até lá acima ver como estava o tempo, vi uns fulanos e umas fulanas a tomar banho, fiz umas corridas com uns carapaus amigos, joguei ao chinquilho…
RE: - Jogou ao chinquilho?
CC: - Claro. Onde está a dúvida?
RE: - Como é que se joga o chinquilho debaixo de água?
CC: - Não sei.
RE: - Ah!
CC: Há o quê?
RE: - Nada…
CC: - Claro que nado.
RE: - Não é isso.
CC: - Pois não. É a quilo.
RE: - Como?
CC: - Hoje é ao quilo, dantes era à dúzia.
RE: - Perfeito!
CC: - Obrigado. Já me têm dito isso mais vezes.
RE: - Não sei como lhe hei-de agradecer a entrevista. O seu ponto de vista é muito importante para se ficar a entender os problemas actuais sobre o preço dos combustíveis…
CC: - Quais combustíveis?
RE: - …e não só. Obrigado.
CC: - Obrigado? E a entrevista?
RE: - Qual entrevista?
CC: - A prometida à minha Prima?
RE: - Ah! Essa fica para outra vez. Está a faltar-me o oxigénio. Tenho de ir…
CC: - Então vá…