(fotografia tirada à média luz...)
É verdade. Este é o post nº 69 do CarapauCarapau.
Um “número bastante curioso”, no dizer dum anterior presidente desta casa.
Por isso, pela sua curiosidade, resolvi comemorar tal acontecimento, convidando diversos especialistas de quase todo o mundo para aqui virem dizer coisas sobre o tema.
Curioso, digo agora eu, porque é feito por dois símbolos “iguais” mas em posições invertidas, que encaixam perfeitamente um no outro e de tal maneira que, rodando o conjunto em qualquer sentido, o 69 se mantém. É aliás esta propriedade de tal conjunto que o torna único, interessante e cada vez com mais adeptos. E não deixa de ser curioso isto, quanto é certo que há hoje um mau relacionamento de quase toda a gente com tudo o que meta algarismos e números…
Há até aquela velha história do papagaio, do burro e do porco que eu não conto aqui porque isto é um “trabalho” sério...
Vamos lá então apreciar o que disseram os ilustres convidados sobre a maneira de resolver este “problema” do 69.
Alemão …………neunundsechzig
Árabe ……………تسع وستين
Búlgaro …………шестдесет и девет
Catalão…………..seixanta-nou
Checo……………devětašedesát
Chinês …………..69
Coreano………....60-9
Croata …….. …...šezdeset devet
Dinamarquês……tres-ni
Eslovaco………..devětašedesát
Esloveno ……….devetinšestedesetih
Espanhol ……….sessenta y nueve
Filipino ………...animnapu-siyam
Finlandês ………kuusikymmentä-yhdeksän
Francês ………...soixante-neuf
Grego ………….εξήντα εννέ
Hebraico ………. ששים ותשע
Hindu …………. उनहत्तर
Holandês………. negenenzestig
Indonésio……… enam puluh sembilan
Inglês …………..sixty-nine
Italiano…………sessantanove
Japonês ………. 六十九
Letão …………..sešdesmit deviņi
Lituano ………...šešiasdešimt devynių
Norueguês ……..sekstini
Polaco ………....sześćdziesiąt dziewięc
Português ……...sessenta e nove
Romeno ……… şaizeci şi nouă
Russo ………….шестьдесят девять
Sérvio ………....шездесет девет
Sueco ………….sextionio
Ucraniano ……..шістдесят дев'ять
Vietnamita……. sáu mươi chín
Impõem-se algumas considerações rápidas.
Assim, repare-se nas voltas e reviravoltas que a língua e os lábios tem de dar para conseguirem levar a bom termo a tarefa. Nalguns casos até haverá sons guturais…
Nota-se que nos portugueses, espanhóis (incluindo catalães), italianos e romenos, a língua dá praticamente as mesmas voltas para alcançar o mesmo objectivo.
Já os suecos e noruegueses não andam longe, só que a língua é muito mais rápida. Ainda aqueles vão a pouco mais do meio e já estes acabaram. Deve ser do frio…
Os chineses são um desastre. Um 6 e um 9 e já está. Creio que no original as coisas não são bem assim e deve haver verdadeiros especialistas na matéria (Qual matéria?). É verdade que eles usam mais o pincel, mas mesmo assim creio que é possível fazer alguma coisa mais do que aquela sensaboria dos dois algarismos. Uma cultura milenar não ia ficar por este simplismo.
Já os coreanos com a mania da matemática, e ainda por cima errada, não seduzem ninguém. Mas também aqui eu acho que escondem o jogo. Devem ter medo da espionagem industrial…
Alemães, checos, eslovacos, holandeses e eslovenos aviam tudo de seguida, sem respirar, mas levando o seu tempo no desempenho. Os últimos então, tem um fôlego notável.
Os croatas… parece que estão a pedir uma sobremesa.
Já os finlandeses e polacos são obrigados a respirar a meio senão não chegavam vivos ao fim. Mas respiram de maneira diferente: uns, já mesmo a faltar-lhes o ar, os outros mais controlados. Para quem goste de maratonas aqui estão dois bons destinos…
Letões e lituanos usam praticamente a mesma técnica, só que os segundos arrastam a coisa durante mais tempo.
Hindus e japoneses também escondem o jogo, ainda que os hindus o escondam dentro de mais caixinhas. Mas creio que no Japão, uma vez adquirida a confiança, a coisa não deve ser nada má (que coisa?), ou não fosse o país das gueixas.
Os indonésios resolvem o problema em três tempos, com um pulo pelo meio…
Os árabes são de muito requinte. A gente olha para aquilo e lembra-se logo das histórias das 1001 noites, uma tenda, o luar do deserto, haréns, esposas, odaliscas, eunucos… olha lá onde tu já vais…
Russos, sérvios, búlgaros e ucranianos são farinha do mesmo saco. Podem ser muito boas, mas olhando para elas (as palavras) a gente não se entusiasma. Mas se nos lembrarmos que há muitas semelhanças com o caviar (Jorge Amado dixit) já podemos mudar de opinião.
Curiosos os filipinos: aquilo começa com “anim”…ação mas logo a seguir transviam-se e creio que perdem o norte e não chegam ao fim. Acontece a quem não domina a língua…
Intrigantes os dinamarqueses. Ou não sabem o que estão a fazer (dizer) ou então são enigmáticos. Aquele “tres-ni” ou é de quem tem muita pressa ou então é uma charada cuja solução pode ser: “Três? Não!”
Gregos, hebraicos e vietnamitas fazem o que podem com línguas que certamente não os ajudarão muito, mas nestas coisas nunca se sabe, e muitas vezes elas saltam donde menos se espera.
Só por acaso ficaram os ingleses e os franceses para o fim. Mas a língua deles já não tem segredos para ninguém. Dos primeiros já hoje há muitas imitações melhores que o original e quanto aos segundos, cuja língua já fez sucesso, perderam muito do prestigio que tiveram e hoje já ninguém precisa da língua deles para fazer o que quer que seja.
Tentei também deixar aqui como se diz em língua de carapau. Mas o teclado não tem os caracteres que permitiriam isso. Nem mesmo em língua de bacalhau. Mas posso garantir que não anda longe do que aqui foi apresentado. Claro que as guelras e as escamas exigem mais cuidado no manuseamento da língua. Mas no fundo também alcançam o objectivo.
E depois nunca nos devemos esquecer do velho provérbio, que há muito nos ensina que, “quem tem boca vai a Roma”, ou seja, resolve todos os problemas que lhes sejam postos.
Por falar em Roma, também estive para meter o latim ao barulho. Tratando-se no entanto hoje, de uma língua morta, achei que não vinha animar nada isto…
PS:
O próximo post vai ser o 70 e é claro vai ressentir-se muito do facto de se seguir a este. A menos que eu convencesse o sapo a chamar-lhe 69A…