Sábado, 14 de Março de 2009

"Obras..."

 

 

Há uns tempos atrás precisei de fazer obras aqui na caverna, porque estava a meter água (pode parecer esquisita para muita gente esta situação, mas de coisas esquisitas está o mundo cheio).

Até contei numa treta (ir ao sítio delas) como arranjei alguns dos materiais. Depois abri concurso para a mão-de-obra, que por aqui é coisa difícil de arranjar, porque uns têm barbatanas e não mãos, outros não estão para as sujar.

Apareceram-me várias “empresas” concorrentes que me apresentaram propostas. Feito o contrato, quando começaram a chegar os materiais apareceu-me também o executante. Equipado a rigor, cumprindo todas as regras de segurança, despertou um grande interesse na vizinhança que fez uma grande roda para o ver trabalhar. O Pargo, o Goraz, o Cherne, o Safio, Carapaus e Carapauzinhos aos montes, um ou outro Atum formavam uma assistência ilustre a tecer comentários sobre a actuação do trolha (ou pedreiro conforme a origem das espécies) e sobre outros “aspectos técnicos” que não vale a pena aqui citar.

O Goraz com aquele olhinho redondo e grande que não deixa passar nada, pôs em dúvida a capacidade técnica do artista pois, dizia ele, nunca tinha visto um trolha com uma chave de parafusos e um alicate e também fez umas considerações sobre o martelo que não lhe parecia nada um martelo de pedreiro. E perguntou depois à assistência onde estava a colher, a fita métrica e o nível (ele dizia “o anible”)? O Pargo, que é um tipo mais calmo e informado, replicou que as “novas tecnologias” já tinha chegado também à construção civil e o que eles estavam a ver era exactamente um desses “casos”. Gerou-se uma certa discussão com todos a falarem ao mesmo tempo, havia umas bocas (de caranguejo) por fora a gozar com a situação e até a Corvina assomou ao círculo e depois de apreciar o ambiente atirou esta para mim:

- Olha lá ó Carapau amigo, achas que esse gajo é capaz de te tapar o buraco? Duvido…- e foi uma gargalhada geral.

Eu ainda respondi que o buraco não era meu mas da caverna, mas ninguém me escutou, tal era a algazarra.

O que eu sei é que foi um dia diferente entre a peixaria, e lá para o fim da tarde, muito sorrateiro e sem que ninguém o ouvisse, o Tubarão chegou ao pé de mim e perguntou-me se eu tinha ficado satisfeito com o trabalho do artista. Eu disse que sim e ele então segredou-me que também estava a precisar de fazer umas obrazitas lá no palacete dele e pediu-me o contacto.

Eu dei-lho, ele agradeceu e foi-se embora.

Eu fiquei a pensar naquilo. O Tubarão nunca foi de falar com ninguém, e agora não me sai da cabeça que ele armou aquele estratagema das obras, para atrair o artista lá ao palacete e comê-lo… 

 

 

 

 

publicado por Carapaucarapau às 17:51
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De Paula a 16 de Março de 2009 às 13:54
Olá boa tarde Carapaucarapau,
Cá estou eu a retribuir a visita:)
Primeiro que tudo adorei!!!
Ok, confesso, fiquei aqui a olhar para o monito e a rir... o que diram as minhas colegas???
Que os e-mails dos "meus" clientes são mais divertidos... Pois...
Está prometida nova visita.
Beijocas,
Paula


De Carapaucarapau a 16 de Março de 2009 às 23:11
Obrigado pela visita. Rir é bom e faz bem.
Também irei retribuindo.
Bjo.


De Teddy Lover a 17 de Março de 2009 às 20:42
Ai...estou velha...eu que nunca liguei aos rabos dos gajos, não é que agora deito um olhinho. Fio dental não, mas...prontes...é uma coisa que está a acontecer...abençoados...se era para dizer outra coisa qualquer, não tivesses colocado essa foto, distraiu-me toda...
Peluchices "entusiasmadas" para ti


De Carapaucarapau a 18 de Março de 2009 às 01:12
Calma com esses entusiasmos todos ;-)
Bjo.


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