(Ou o caso das luvas …)
Extracto de uma conversa entre Mister Brown (MB) e Sua Majestade a Rainha mais conhecida por The Queen (TQ) e obtida a partir dum CD que por obra do acaso aqui veio ter.
...
The Queen : - Tens um ar preocupado Brown!
Mister Brown: - Só chatices Majestade!.
TQ: – Outro banco?
MB: – Antes fosse…
TQ: - Então? Conta já tudo.
MB: - É o problema das luvas..
TQ: – Luvas?
MB: - Gloves.
TQ: - Ah! Luvas! Que aconteceu com as luvas?
MB: - Ficamos sem elas!
TQ: - Roubadas?
MB: - Extorquidas!
TQ: - Extorq…Por quem? Onde?
MB: - Lá em baixo na ponta da Europa. Por quem, é o problema.
TQ: - Problem? No problem! Telefono já para o meu primo Aphonso Anrique que ele trata já disso.
MB: - Alteza! Ele já lá não está!
TQ: - Não? Para onde foi ele?
MB. – Alteza! O problem não ser esse agora. Agora o problem ser o caso das gloves.
TQ: - Que linguagem é essa Brown?
MB: - Desculpe alteza, já ando todo baralhado.
TQ: - Baralhated? Oh! Grave!
MB: - Se é!
TQ: - Para ver se eu entendo alguma coisa, conta tintim por tintim esse caso das luvas.
MB: - Tintim por tintim eu não saber o que quer dizer, Majestade desculpe…
TQ: - Vomita essa shit toda duma vez que já estou em pulgas, carago!
MB; - Ok, entendido. O caso é o seguinte: um primo nosso queria fazer um Porto Livre em Al cuxete e então…
TQ: - Al cochete?
MB: - Não Majestade. Al cu xe te.
TQ: - Há árabes metidos no assunto? Vamos lá arrasamos já aquilo tudo. Se fosse com o Tony…
MB: - Majestade! Tenha calma. Até porque isto tudo começou no tempo do Tony, ou melhor dos Tonys porque lá eles também tinham um.
TQ: - Bem dizia a tia Vitória que um mal nunca vem só…
MB: - É isso mesmo. Continuando…Então o nosso primo queria fazer um Porto Livre lá nesse Al cudejudas e eles não deixavam. Vai dai o Tony deve ter falado com o Tony (o nosso com o deles, eles eram quase primos, tratavam-se por tu e tudo…) e deve ter dito: “que se passa com essa shit do Porto Livre que vocês estão a levantar tão bigs problems?” O de lá deve ter ficado à rasca e disse: “big problems, primo? Que se passa? Não sei de nada”. Parece que o Tony de lá não sabia mesmo de nada, ele até nem sabia fazer contas uma vez até disse “:..bem…é só fazer as contas…”
TQ: - Mau! Já tás a divagar. Vamos ao essencial, senão nunca mais me vejo livre de ti, para ir dar uma volta a cavalo.
MB: - Sorry! Mas esses guys lá de baixo dão-me cabo da paciência, mas eu gosto muito das histórias deles. Até me fazem esquecer os nossos bancos e tudo… Continuando…umas horas depois o Tony de lá telefonou ao nosso Tony e disse “é pá já sei tudo, no problems é só o teu gajo vir aqui falar com o Zé e ele trata logo disso, parece que é preciso que o vosso man traga umas luvas, convém que sejam bué de luvas que aqui tá um frio da cornualha…
TQ: - Cornualha!
MB: - Yes Madam…
TQ: - Tem graça! O meu primo Anrique costumava dizer outra coisa parecida mas não era cornualha. Era, era…já não me lembro. Quando o encontrar hei-de perguntar-lhe.
MB: - Então, vendo que não podia ser doutra maneira, o Vosso súbdito mandou um carregamento de luvas, ao que parece tantas ou tão poucas que agora os nossos bancos estão em falência uns atrás dos outros e se não lhes lançamos as mãos acabam por ficar geladinhos de todo.
TQ: - Vamos lá e tiramos-lhes as luvas. Qual é o teu problem, Brown?
MB: - O problem ser esse mesmo. Sorry Madam, ninguém sabe das luvas. Já anda a SY e o MI-5 atrás do rasto das luvas mas nada. Parece que eles as puseram fora dos shorts e agora é uma gaita.
TQ: - Gaita? Gaita fora dos shorts? What is that? Já chegamos à Madeira?
MB: - Não é Madeira desta vez, Majestade. É Al cuxete!
TQ: - E por que não mandamos lá a Home Fleet arrasar o tal Porto Livre?
MB: - Não podemos. Agora somos sócios deles e não podemos andar à porrada. Temos de usar outros meios…
TQ: - Sócios? Mas esse tal de Al cochete não é árabe? Então agora somos sócios da Al Quaeda?
MB: - Antes fossemos, Majestade, antes fossemos. Não estaríamos metidos neste big problema das luvas. Além do mais um dos Vossos netos foi lá à inauguração do tal Porto Livre de Al cuxete e comeu lá uns bolinhos de bacalhau e uns rissóis de camarão e bebeu umas taças de champanhe, até parece que gostou muito, já falei com ele, mas disse que luvas só viu meia dúzia, e brancas, nos tipos que lhe serviram os croquetes.
TQ: - E o tal Zé que o Tony de lá apresentou ao Tony de cá não sabe das luvas? Não é capaz de se lembrar de nada?
MB: - Esse é outro problema. Eles lá são todos Zés, quando a gente chama um, viram-se logo todos e depois tem uma grande falta de memória, Vossa Majestade nem calcula…
TQ: - Não calculo? Ainda tu não tinhas nascido já eu por lá tinha andado num carro de bombeiros e tudo: Eram uns porreiros nesse tempo, trabalhavam como uns danados e sem luvas nem nada. Cheira-me que aqui há gato…
MB: - Lá dizem que desta vez cheira mais a Rato.
TQ: - Rato?
MB: - Sim Majestade: mouse.
TQ: - Ah! Rato.
MB: - Eu creio que há Rato e também alguns ratos…
TQ: - Se não lhes podemos dar porrada, como vamos fazer?
MB: - Já estou a lixá-los doutra maneira. Desvalorizei a libra e agora os nossos não podem ir para o All garbe.
TQ: - Boa malha! Até que enfim fazes uma coisa de jeito. Lixa-me essa gajada. Ficaram-nos com as luvas, agora chuchem nos dedos. Dedos enluvados ah!ah!ah!
MB: - Vossa Majestade está esclarecida?
TQ: - Não totalmente, mas já vi que dessa moita não vai sair mais nenhum coelho.
MB: - Então se me dá licença retiro-me. Tenho uns bancos mais para nacionalizar. Esta história das luvas tramou-nos o sistema financeiro. Com Sua licença.
…
A conversa era mais completa, mas não podia transcrever tudo, senão ainda aqui estávamos o resto do dia a ler este caso das luvas, que afinal é uma história tão velha como o tal Anrique, primo da Rainha. Diz quem sabe, e há muita gente que sabe e não diz, que uns ficam com as luvas e outros apanham o frio. Eu cá por mim dou-me por muito feliz porque não tenho mãos nem dedos, mas barbatanas, não preciso de luvas. Um barrete na cabeça já me chega, assim não me distingo dos outros que andam todos embarretados, parece que gostam disso, bom proveito.