Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2014

Testemunhas

 

Saí de casa a saber que entre outras coisas tinha três assuntos para resolver, sem falta, hoje. Escrever um post, escrevinhar umas coisas que me tinham sido encomendadas e fazer um investimento.

Sobre o primeiro assunto estava em branco e não tinha a mínima ideia sobre o que fazer, do segundo tinha umas luzes, porque a encomenda tinha um tema e só sobre o terceiro eu sabia o que queria: comprar uns pares de peúgas, que fossem bem com as minhas “escamas postiças”.

Os deuses com as respetivas cortes de anjos, arcanjos e testemunhas estavam comigo (porto-me bem, pisco-lhes olho, por que não haviam de me ajudar?) e não tinha andado 30 metros e já tinha na minha frente duas

Testemunhas de Jeová. Íamos no mesmo sentido, elas naquele passinho miúdo e lento em que um pé só se move depois de ter pedido licença ao outro e feito uma vénia, de maneira que nem viram o sorriso que lhes lancei e que elas já conhecem de quando nos encontramos de frente. Ainda não tinha desfeito o sorriso e zás, ali mesmo a caminhar para mim duas outras testemunhas, não sei se do mesmo processo do Jeová se de outro processo (o passo era o mesmo, mas quem vê passos não vê processos), estas do outro sexo (não sei se há do 3º…) e quando passei por eles, iam a discutir um assunto de prédios, “não nesse, mas no prédio ao lado”. Vesti-me de Arquimedes e gritei “Eureka”, já tenho assunto para o post. Novo sorriso enquanto marchava com o meu passo mais atlético, pois tinha uma subida pela frente e cheguei a uma zona “desértica”, onde há muito trânsito automóvel, certamente o rally Dakar, mas por onde só raros camelos se aventuram. Que vejo um pouco mais acima? Duas camelas paradas a falarem uma com a outra, com um aspeto que se costuma chamar de atraente, o que sempre alegra os olhos dos camelos, já que os condutores dos bólides nem tempo têm para olhar. Ia a passar por elas e inesperadamente, uma delas estende-me um papel, resmunga qualquer em que só percebi “bíblia”, agradeci, empurrei-lhe delicadamente a mão para não a atropelar (estava mais quente que a minha…) e disse para a minha bossa: “tás com uma sorte do caraças, em menos de 300 metros já tens o post feito, pena foi ires tão depressa que nem pudeste travar a tempo, para indagar a que processo ela pertencia”.

Bem, post alinhavado já eu tinha, podia concentrar-me na encomenda. Vou pensando no assunto, surge um problema, porque não tenho papel para o escrevinhar, puxo pela cabeça, não muito, porque isto de cabeças nunca se sabe como estão presas ou soltas e, enquanto continuo a marcha, penso que se me aparecesse um desses distribuidores de jornais grátis é que era fixe, mas ali no deserto não há disso. “Bem, vamos ao investimento, depois penso no papel”, ainda que me tenha lembrado que o papel do investimento talvez servisse.

Chego ao local do crime, resolvo levantar umas coroas para investir e não ficarem a saber onde fica o meu “off shore” e só quando me sai o papelinho é que eu grito “eureka” pela 2ª vez nesta manhã, tenho aqui uma mina de papel. E explorei a mina, porque eu poupo-lhes tanto papel por ano, que me posso gozar desse direito (esta parte não é para ser entendida, penso eu com o 3º sorriso da manhã). Havia ali uns bancos vazios a oferecerem-se e não rejeitei um deles, que me pareceu apropriado. Sentei-me e comecei a escrevinhar (a tal encomenda) e tão entusiasmado estava que nem dei pelas horas. Quando olhei para o relógio disse “bolas, já não posso ir investir agora, fica para amanhã”.

Chego a casa, coso as peças que tinha alinhavado, post feito, encomenda feita, já mereço um bom almoço.

São servidos?

 

Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.        

publicado por Carapaucarapau às 14:00
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11 comentários:
De Maria Teresa a 23 de Janeiro de 2014 às 17:59
Carapau, Carapauzinho, o menino conseguiu baralhar o conteúdo da minha caixa craniana, como é que no papelzinho que nos dão, quando nos vamos abastecer de carcanhóis, conseguiu escrever o que lhe tinha sido encomendado? A encomenda era muito pequena ou “desviou” mais papeluchos do que devia para seu proveito? Explique lá isso, tão bem como explicou o que sentiu quando viu as duas camelas jeitozonas (até a temperatura tirou a uma delas)!
Agradeço a oferta do seu almoço mas, neste momento, estou a deliciar-me com um chazinho delicioso e umas bolachinhas de manteiga…
Beijocas nos operculares a deixar marcas do batom que estou usando… Chuaaaacccc!!!!


De Carapau a 23 de Janeiro de 2014 às 19:53
Não entendo o espanto vindo duma pessoa com o intelecto tão altamente desenvolvido nas mais altas matemáticas...
Então no texto não está escarrapachadinho que descobri uma mina de papel? E achas que uma mina só dá para tirar um diamantezinho mixuruca? E esse raciocínio dedutivo? Querem ver que o chá tinha qualquer coisa mais que chá propriamente dito? :)
Ou seriam as bolachas de manteiga? Ai, ai, ai...
Quanto à questão de temperatura, funciono como aqueles termómetros instantaneos...
Pronto, fiquei todo besuntado de baton, misturado com chá e bolachas de mateiga e não sei que mais. :)
Como não sei repenicar um chuac como o teu, aqui fica um beijo com 1,002 cP. :))


De Maria Teresa a 23 de Janeiro de 2014 às 20:15
Tens razão Carapau querido mas a culpa foi do chá "Herbal de Noite" (não é a brincar é mesmo assim que se chama o lote, compro a peso) que alterou o meu método dedutivo sherloquiano...
Mais umas beijocas agora sem baton!


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