- Oh mana acha que chegaremos a tempo?
- Claro que sim, mana. Os jogos só começam daqui a 1 semana.
- Mas não há maneira de avistar terra! Só vejo água por todos os lados!
- A mana é uma pessimista, irra! Então não vê aquelas manchas escuras lá ao fundo?
- A mana vê?
- Claro que vejo! A mana é mulher de pouca fé. Estamos no rumo certo.
- Como o Pedro Álvares Cabral?
- Quem é esse? A mana conhece cada nome! Era como o Ronaldo?
- Capitão pelo menos também era.
- Nunca ouvi falar. Só me lembro do Maradona.
- Quem? A da farmácia?
- Qual farmácia mana?
- A da esquina. Aquela onde vamos…ai credo! Alguma coisa me picou um pé!
- A mana veio descalça? Não me diga!
- Deve ter sido só uma impressão minha, já nem sinto nada.
- Nem o sapato molhado?
- Nem o pé.
- Que horas serão isto? A mana trouxe relógio?
- Eu não. Disseram-me que era um perigo andar por lá com coisas de valor…
- Pois, mas agora dava-nos jeito. Que horas serão?
- Devem ser horas de comermos qualquer coisa. A mana não trouxe uma bucha?
- Trouxe, claro que sim. Precisávamos era de um sítio seco para comermos.
- Não me parece, mana, que consigamos.
- Vamos conseguir tudo. É preciso é continuar em frente, neste rumo.
- E como sabemos o rumo?
- Guiamo-nos pelas estrelas, mana.
- Não vejo estrela nenhuma, mana.
- Pois não. As estrelas, a estas horas, já estão todas lá.
- Ah!
- Oxalá não chova senão molhamo-nos todas.
- Nem me fale nisso mana! Já viu se chegamos com a bandeira molhada? É capaz de perder as cores…
- A mana comprou-a no chinês?
- Não. Esta ainda é do tempo da loja dos trezentos…
E assim, a falar para passarem o tempo, lá prosseguiram a viagem…
(Conversa ouvida pelo Carapau ao largo da ilha de Santo Antão. Foto gentilmente cedida pelo Cachucho que a retirou duma net, que o queria apanhar a ele).
Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.