Quinta-feira, 27 de Fevereiro de 2014

A História...

(…ou histórias da História)

 

- Ajudas-me a estudar a minha lição de História?

- História? Julguei que era matemática.

- Hoje é História porque vou faltar à aula e a minha professora marcou-me a lição que vai dar.

- E é sobre?

- Isto aqui. A crise de 1383-1385.

- Eu ainda não tinha nascido!

- Nem eu.

- Diz aqui para escrever o que levou a essa crise.

- É só leres o texto, está lá tudo.

- Sim, mas o que escrevo?

- Tu é que sabes. Lê primeiro.

- Pois, mas…

- Olá lá, queres só escrever a resposta ou queres saber o que aconteceu?

Ela olhou para mim a saber o que gostava de responder, mas a saber também a resposta que me devia dar e como não é parva, respondeu:

- Quero saber.

Mas acrescentou logo, para não perder a oportunidade:

- Depois disto podíamos jogar um crapô…

- A ver vamos. Dá-me aquele livro que está naquela prateleira. É o mais alto de todos.

- Este?

-Sim, olha para esta página. Chama-se a isto um diagrama, também se pode chamar uma infografia. Que vês aqui?

- São os reis da 1ª dinastia.

- Muito bem. E como acaba a página?

- Com D. Fernando e D. Leonor Teles.

- Que só tiveram uma filha…

- D. Beatriz

- …que casou com D. João de Castela. Quando o D. Fernando morreu este Rei de Castela reclamou que devia ser a mulher dele, a D. Beatriz, a herdar o trono pai, isto é o trono de Portugal, pois desta maneira ele ficava também a ser o rei de Portugal e portanto deixávamos de ser um país independente. Percebes?

- Claro, isso é básico.

- Básico?

- Sim, entendi, ele ficava com os dois tronos. Mas então o que devo escrever aqui sobre a crise?

- A crise entra agora em cena.

- ?

- Houve alguns portugueses que achavam isso bem e outros que achavam mal e resistiram. Queriam que fosse rei o Mestre de Avis, que era filho de D. Pedro e duma senhora chamada D. Teresa Lourenço.

- Não, ela chama-se Inês de Castro e até está naquele convento…

- De Alcobaça. Nós já lá fomos…

- Pois fomos e comemos uns doces muito bons naquela pastelaria…

- Calma. Deixa lá os doces e voltemos à história. A Inês de Castro teve dois filhos do D. Pedro mas esses também foram mortos juntamente com ela. Esta Teresa Lourenço era uma aia e amiga da Inês de Castro.

- Ah pois eu vi a série e eles a matarem a D. Inês.

- Portanto é aqui que nasce a crise. Uma parte dos portugueses queriam que Portugal tivesse como rei o rei de Espanha e portanto perdia a independência e outros não queriam isso e queriam como rei o tal Mestre de Avis. É a isto que se chama a crise de 1383-1385.

- Pois. Então o que escrevo aqui?

- Escreves o que percebeste disto que te contei mais o que está no teu livro.

Já agora, sabes como acabou esta crise? Foi assim: o Mestre de Avis foi eleito rei, numas Cortes que se realizaram em Coimbra e o D. João de Castela invadiu Portugal com um grande exército para tomar “isto” à força.

- E tomou?

- Não e tu até sabes o que aconteceu. Foi em 14 de agosto de 1385…já te falei nisto várias vezes.

- Eu?

- Sim. Até já lá ganhaste um relógio…

- Ah! A batalha de Aljubarrota. Pois… nós fomos lá*** nas férias. Foi giro. Vou voltar lá com a escola e como já sei tudo vou responder às perguntas que costumam fazer.

- És muito esperta mas não caças ratos.

- Porque dizes sempre isso?

- Porque os ratos ainda são mais espertos que tu, ora…

- Portanto os espanhóis não ficaram com Portugal.

- Dessa vez não, mas passados uns 200 anos acabaram mesmo por ficar.

- Ah foi?

- Foi. Lá para o 3º período deves estudar isso. Mas olha aqui para esta outra infografia. Que vês nela?

- Diz aí que é a 2ª dinastia.

- Isso mesmo. E como começa?

- Com D.João I.

- E como acaba?

- Olha, acaba com três reis! É verdade?

- É. E depois deles?

- Não está mais nada.

- Pois não. O D. Sebastião morreu sem se casar, portanto sem filhos. O Cardeal D. Henrique, como não podia casar também não tinha filhos e o D. António, prior do Crato, pela mesma razão, também não. Não havendo rei nem roque, os espanhóis entraram por aqui dentro e tomaram isto. Seguiu-se a 3ª dinastia que só teve 3 reis, todos Filipes, que eram também reis de Espanha. Lá mais para o fim estudarás isto.

- Portanto foi por os nossos três últimos reis não terem filhos, que os espanhóis tomaram Portugal.

- Exatamente.

- Houve reis gays?

- Porque perguntas?

- Então se não casaram nem tiveram filhos…

- Olha ali para aquele 3º livro, a contar da esquerda. Como se chama?

- “Príncipes de Portugal” – Suas grandezas e misérias.

- E o autor quem é?

- Aquilino Ribeiro.

- Muito bem. Esse diz que de facto houve príncipes e reis que foram gays, como perguntaste.

- Bem me parecia…

- Uma pergunta: conheces mais algum livro desse escritor?

- Sim. “O romance da Raposa”. Foste tu que mo deste.

- Isso mesmo. E já o leste?

- Todo, ainda não, mas já comecei.

- Tínhamos combinado que o lias nas últimas férias grandes…

- Pois…mas não tive tempo.

- Claro. Acontece isso a muita gente. Olha, eu por exemplo, hoje também não tenho tempo para jogar o crapô…

- Isso não é justo!

- Não sei porquê! Não tenho tempo. Não é uma boa justificação?

- E então o que respondo aqui sobre os motivos que levaram à crise de 1383-1385?

- Depois desta conversa toda ainda não sabes? Olha que “isso é básico”…

 

*** ”lá” é o “Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota”, situado nos campos onde se desenrolou a respetiva batalha, na aldeia de S. Jorge, junto ao IC2, a uns 3 ou 4 km da vila da Batalha e que pode e deve ser visitado por quem goste destas coisas.                                                                                                                                                                                 

 

Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico - convertido pelo Lince.        

publicado por Carapaucarapau às 12:49
link | favorito
De Maria Araújo a 27 de Fevereiro de 2014 às 18:39
Bolas! O que foste (re)lembrar!
Adorei os gays (está na moda falar de gays.
Qunato a ela, a menina da crise e do crapô está crecida...(estou certa?).

Beijho


De Caneta a 28 de Fevereiro de 2014 às 14:02
Claro que estás certa. Ainda vai na crise de 1383-1385, mas já a viver a actual e a preparar-se para as que ainda vai apanhar pela frente.
Quanto aos gays ainda estive para lhe ensinar como se chamavam "nessa" altura, mas resolvi chutar para canto. :))
Bjo.


De Carapau a 28 de Fevereiro de 2014 às 18:07
Reparaste que a sacrista da Caneta resolveu dizer que foi ela que respondeu?. Mas não foi. Fui eu mesmo. Vou já cortar o mal pela raiz, se for capaz.
:)


De Maria Teresa a 28 de Fevereiro de 2014 às 19:09
Dá cabo dela, da caneta! Eu posso dar um jeitinho porque ainda estou a pensar que raio de caneta é que usou o meu nome e fingiu que era a tua caneta.
Começo a ficar baralhada com tanta caneta misturada :) E postes também :))))
Saí daqui caneta, tu és minha, não te metes onde não deves! (agora é a minha, que tem pedigree, é de prata, a meter o bedelho onde não deve)

Beijocas


De Carapau a 1 de Março de 2014 às 15:31
Sabes o que te digo? É que não percebi nada deste teu comentário. :))
Ou estás a falar de coisas que eu não entendo ou então sou eu que já me estou a ir abaixo das canetas: :))
Tens caneta de prata, mas mete o bedelho onde não deve? Ah ah ah! Deve ser tanto de prata como a minha é de oiro. :)
Bjo.


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